Cego, sim!

Por Anderson Dilkin, para Coletiva.net, em especial Diversidade e Comunicação

Ser deficiente não te faz ser menos do que qualquer outra pessoa, não pode tirar a tua vontade de realizar os seus sonhos, de lutar pelos seus objetivos, de ter uma família, uma carreira e de ser e ter o que quiser. Ser deficiente pode te trazer alguma limitação, mas quem não tem? Talvez a nossa seja visível à primeira vista e por isso o preconceito e dúvida surjam: "será que ele pode? Será que ele é capaz?"

Não queria que precisasse existir a Lei de Cotas, mas sabemos que muitos empresários não conseguem ver uma pessoa com deficiência como um acréscimo, como alguém que vem para somar, para ser útil, e sim como alguém que está ali, possibilitando com que ele cumpra a lei. Cego então! Esses dias conversando com um amigo que conhece alguém que trabalha com o setor de Recursos Humanos, me disse que essa pessoa relatou que muitas empresas quando buscam uma pessoa com deficiência para trabalhar, já avisam: "cego, não!" 

O que será que esses empresários pensam de quem não enxerga? Que é um inútil, que não sabe fazer nada? Que será preciso levá-lo pra cá e pra lá durante o dia?Temos que cuidar, porém, para não generalizar. Conheço empresários que sentem orgulho de ter em seu cast de funcionários, cegos, surdos, mudos, pessoas com problema de locomoção ou qualquer outra deficiência.

Mas alguém pode me perguntar: São só os empresários os culpados? E digo sem medo de errar, que todos precisam fazer a sua parte. Quando comecei a trabalhar, uma das minhas principais preocupações era tentar fazer com que eu conseguisse realizar minhas funções com menos empecilhos possíveis e quando precisava de algo, já chegava com a idéia de como a empresa poderia me ajudar, de que forma realizar alguma adaptação necessária.

Penso que evoluímos, as empresas ao contratarem os deficientes começaram a perceber que aquele funcionário era útil, aquele funcionário era capaz. Também é importante falar da pessoa com deficiência na escola, dentro da sala de aula. Existe uma lei que obriga todas as escolas a recebê-los, mas será que as mesmas estão preparadas para isso? Penso que além de fazer uma legislação, deve haver uma fiscalização para saber se as crianças estão realmente aprendendo, sendo incluídas ou estão ali só pela obrigação que a lei impõe. É um caminho de dois lados conversando e se entendendo para a inclusão ser benéfica e real para todos.

Anderson Dilkin é jornalista e atua como produtor e repórter na rádio ABC 103.3 FM.

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