Diversidade, equidade e inclusão da Geração Z nas agências de publicidade

Por Luan Pires, para Coletiva.net

Luan Pires - Arquivo pessoal

No dia 19/10, participei junto com head de Estratégia, Alexandre Laybauer, e líderes do setor de Criação e Pessoas da HOC de um Hackathon promovido pelo Set Universitário da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O formato é oriundo do setor de Inovação e Tecnologia e vem se difundindo por outras áreas com o objetivo de juntar pessoas e fazer uma imersão num problema com a ideia de achar uma solução naquele espaço de tempo.

Naquele dia, o público era de estudantes da área de Comunicação da PUCRS e tínhamos como base do problema a aproximação da Geração Z com as agências de publicidade. Como incluir - após momentos tão decisivos em termos de rotina, perspectiva e visões de trabalho - essa geração no que é o atual espaço de uma agência de publicidade? A Geração Z pode ser a geração mais consciente a respeito de bem-estar, alimentando a reinvenção da cultura pós-pandemia no que diz respeito ao trabalho. Mas, também, está sofrendo de uma infinidade de problemas de saúde mental, muitos causados ??pela pandemia. À medida que esta nova geração entra no mercado de trabalho, os empregadores precisam estar prontos para fornecer ações para acomodar suas necessidades.

Do lado da agência, é fácil entender porque é necessária essa diversidade de faixas de idade (e aqui não vou nem entrar no etarismo, que é o preconceito com pessoas com idade mais avançada no mercado de trabalho). Existem diferentes números que provam que empresas que têm um compromisso real com a diversidade aumentam o lucro, melhoram os resultados e aceleram processos de inovação. Não vou citar estes números, porque qualquer pessoa que quer saber sobre este assunto teve o interesse de procurar em seu buscador favorito e encontrou pesquisas de Harvard, Stanford, MIT, PwC e tantas outras. (https://moniqueevelle.substack.com/p/o-fardo-da-diversidade-que-ninguem). Mas como, de fato, trazer diversidade geracional para a sua empresa?

Aí, conceitos como diversidade, equidade e inclusão devem ser considerados. Não adianta eu ter pessoas diversas (diversidade) se eu não concedo diferentes acessos às oportunidades para que se desenvolvam (equidade) e nem que elas realmente se sintam parte de uma comunidade sendo ouvidas em todo tipo de pauta (inclusão). Por isso, quando estávamos fazendo a ação com os alunos que nasceram ali entre 1995 e 2010 (Geração Z) visualizamos e comprovamos como cada uma dessas palavras é importante para gerar essa aproximação.

Quando falamos de diversidade, podemos entrar em diversos recortes identitários. Jovens negros, periférios, PCDs, LGBT+... Essas são também camadas a serem consideradas. Mas, não basta querer selecionar esses recortes sem querer investir na competência desses jovens. Não existe inclusão sem investimento. Entender o perfil, o contexto e o link com os valores da empresa já são motivos que fazem valer a pena investir na curva de aprendizado dessa galera porque no decorrer do tempo eles vão entregar visões que colaboram com a criatividade da agência. Mas, não é só a diversidade. Precisamos da inclusão: não podemos exigir desses jovens que estudam, ou moram longe, ou passaram por um período de não-socialização por causa da pandemia que já chegam prontos para o dia a dia. É papel da empresa gerar equidade com projetos de monitoria, de criação de portfólio e trocas constantes. Além disso, inclusão é fazê-los sentir que têm voz perante as pautas que trabalham, mesmo que não com uma experiência de dia dia, mas com o olhar único de quem nasceu com características que nenhuma outra geração tem.

Todos esses pontos foram trazidos e construídos juntos com os jovens que participaram da ação da HOC no SET Universitário da PUC. Ao final, ainda apresentaram soluções do que achavam adequado e realista para integração com as agências de publicidade. Por isso, como profissional de planejamento estratégico há anos, passando por todos os pontos de contato de uma comunicação, eu nunca me canso de ouvir. A gente estuda para entender comportamentos, mas não há sensação melhor do que ver que esses comportamentos acontecem na sua frente. Só assim, a diversidade, equidade e inclusão de fato acontecem: quando paramos um pouco de falar e ouvimos para juntos construirmos.

Luan Pires é jornalista e executivo de Planejamento Estratégico e Comportamento.

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