Home office: Eu nasci assim, eu cresci assim...

Por Carolina Argenti Rocha, para Coletiva.net

Quando as primeiras manchetes sobre o coronavírus na Ásia e na Europa começaram a circular, várias empresas passaram suas equipes para uma modalidade de trabalho que é famosa por seu charme, mas que exige alto grau de comprometimento e organização: o home office.

Digo isso de cadeira, da sala de jantar, por sinal. O dia em que coloquei o site da Palavra Bordada no ar, lá em abril de 2015, o que foi o primeiro movimento da empresa em anunciar seus serviços, eu estava sentada no sofá do meu apartamento. A Palavra Bordada já nasceu assim, cresceu assim, como a Gabriela da canção de Dorival Caymmi

A escolha por trabalhar de modo remoto foi uma decisão estratégica minha e da Denise Waskow, sócia na época, e tinha dois objetivos: permitir que pudéssemos trabalhar de qualquer lugar e a qualquer tempo e reduzirmos os custos que um coworking ou sala comercial representaria para uma empresa iniciante. 

Naquele momento, home office foi um grande desafio. Já havia uma estrutura de software e cloud que possibilitava trabalharmos em rede, simultaneamente, à distância - embora o trajeto entre a Santana e a Cidade Baixa, em Porto Alegre, não fosse longo - e a um custo muito baixo. O principal desafio era nos educarmos, reduzirmos as sedutoras formas do sofá que gritavam por nós a todos os momentos. 

Aos poucos, cadeira, mesa e estante profissional foram ganhando as nossas salas de casa. A nova rotina que envolve realizar as tarefas domésticas diárias e conciliar com as atividades da empresa também teve sua curva de aprendizagem. 

O tempo e o dia a dia nos ensinaram que ter um espaço calmo, reservado, bem iluminado e ventilado para trabalharmos era essencial e profundamente salutar para as relações familiares. Fazer seus pais, cônjuges ou filhos entenderem, nesse momento de confinamento por conta da Covid-19, que você está trabalhando, e não apenas navegando na internet, talvez seja uma das missões impossíveis pela qual você está passando. Educar quem está ao seu redor é tão importante quanto educar a si mesmo nessa rotina. 

Ano passado, quando a Camila Provenzi e a Maribel Lindenau se juntaram ao time da Palavra Bordada, passamos por um período de transição. Nosso trabalho remoto chegou a ser executado de quatro cidades diferentes: eu em Canoas, Denise em Lisboa, Camila em Blumenau e Maribel em Austin, nos Estados Unidos. E aprendemos que, mesmo com fusos horários diferentes, podemos encontrar um denominador comum para trabalhar. Na prática, para quem está voluntariamente em quarentena, isso pode significar combinar o fuso de quem tem os filhos em casa, e com toda a energia do mundo, com a de quem precisa cuidar de um idoso ou apenas sair para correr. Funciona, acredite. 

Essa mobilidade é uma das melhores coisas do trabalho remoto. 

Volta e meia, quando bate aquela preguiça ou a malvada procrastinação, palavra que todo mundo que trabalha em home office conhece, recorro ao site da Márcia Breda, o Adoro Home Office. Outro dia nos encontramos em Gramado, em um evento, eu fiz a fã, conversando com ela como se fossemos íntimas, mas só porque o blog dela está entre os meus favoritos. Se você ainda não conhece, recomendo. Não só o site, mas também o insta @adorohomeoffice, no qual a Márcia compartilha sua rotina e experiência. 

Espero que nesses próximos dias, em que ficaremos em nossas casas num esforço de combater esse inimigo chamado Covid-19, você tenha uma saudável experiência em home office e que resista a todas as tentações que Netflix e o macio sofá proporcionam. Precisamos continuar trabalhando para manter nossas empresas e o país economicamente funcionando. Mesmo que daqui de trás do computador possamos espiar nossos filhos brincando, nossas mães olhando a paisagem ou os pais procurando algo para consertar. 

Carolina Argenti Rocha é jornalista e sócia-diretora da Palavra Bordada.

 

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