Jornalismo digital não é click bait

De Amanda Krohn, para Coletiva.net

Jornalismo digital não é - nem nunca deveria ser - sinônimo de clickbait (títulos enganosos que servem para chamar a atenção e atrair cliques). É claro que é fundamental nos mantermos atualizados e sabermos escrever textos cada vez mais atrativos com títulos cada vez mais chamativos.

O que não falta são técnicas de SEO que têm o papel de impulsionar o texto para que ele seja o primeiro resultado nas páginas de pesquisa: uso de palavras-chave (inclusive nos títulos de arquivos, legendas e textos alternativos de fotos), imagens com boa qualidade, meta descrição, meta tags, hierarquização do texto por meio de subtítulos com as tags H2 a H6?

Tudo isso pode ser aplicado respeitando a boa e velha ética jornalística. Ou seja, o título não é o único fator capaz de deixar a sua reportagem no topo das pesquisas. 

Inclusive, se ele não vier acompanhado de um conteúdo de qualidade, que cumpra o que foi prometido e traga as informações anunciadas, a tendência é que os algoritmos prejudiquem os acessos ao texto em vez de ajudar. Além disso, se frequentemente o site do seu veículo usa clickbait, a credibilidade em relação aos leitores também pode ser prejudicada.

Isso não quer dizer que o título de sua reportagem no site de seu veículo deve ser exatamente igual ao impresso. É preciso, sim, algumas adaptações, como posicionar a palavra-chave principal no início do título, por exemplo, ou trazer uma frase de impacto de uma das pessoas entrevistadas.

Há diversas maneiras de criar um título atrativo sem apelar para o clickbait ou até mesmo mentir, como se vê em alguns casos (menos frequentes). Basta utilizar o aspecto mais relevante ou o que mais chame a atenção do leitor. 

Nossa luta diária para buscar nosso lugar ao sol nas plataformas digitais é uma faca de dois gumes. Se por um lado, é fundamental para que nos adaptemos às mudanças e possamos difundir informações de qualidade, por outro, se mal feita, pode danificar ainda mais a imagem do jornalismo e dos jornalistas perante à sociedade.

Por isso, muito cuidado: a ética jornalística é justamente o que diferencia uma reportagem profissional de qualquer outro texto - e deve continuar sendo assim.

Amanda Krohn é jornalista, repórter no Jornal VS, comunicadora freelancer e especialista em Jornalismo Digital pelo Centro Universitário Internacional Uninter

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