O declínio do jornalismo "off-line"

Por Vilson Antonio Romero Pitonisas agourentas entoam: os jornais impressos têm uma linha do tempo às vésperas de se extinguir. Na competição entre as …

Por Vilson Antonio Romero
Pitonisas agourentas entoam: os jornais impressos têm uma linha do tempo às vésperas de se extinguir. Na competição entre as mídias modernas e as "vetustas", a que tem maior risco de sucumbir é a impressa, representada por jornais diários, matutinos ou vespertinos, revistas, boletins e tudo o que envolva o meio papel. Não pela matéria-prima utilizada, em si, e sim pela vertiginosidade das mudanças com a comercialização intensiva de "netbooks", "e-readers", "tablets" e "smartphones".
Estas e inúmeras outras maravilhas tecnológicas que surgirão em breve tempo colocam a internet disponível em qualquer cantinho do planeta e até fora dele. Com o acesso à rede incontrolável da "World Wide Web", a notícia - cuja cobertura é o produto e a razão de ser do jornalismo "off-line" - passa a ser cada vez mais material disponível "on-line".
Um exemplo: o grupo empresarial que edita o The New York Times, o The Boston Globe e o International Herald Tribune registrou um crescimento em seu faturamento no primeiro trimestre deste ano. Até aí, tudo bem, só que a grande parcela deste faturamento foi impulsionada pela publicidade "on-line", que passou a representar cada vez mais, uma parcela expressiva dos resultados do grupo.
Mas uma previsão alvissareira também chega, parece que afrontando os arautos do apocalipse: "a circulação dos jornais impressos crescerá na América Latina nos próximos cinco anos, mesmo que a crise econômica ainda não tenha sido completamente superada e que a internet tenha roubado leitores dos veículos impressos". Os dados da consultoria Pricewaterhouse Coopers acrescenta que o fenômeno será mais expressivo no Brasil, no Chile e na Argentina.
Pelo menos, garantindo sobrevida aos jornais brasileiros, o Grupo de Mídia de São Paulo revela que os 15 maiores anunciantes privados aumentaram 500% sua cota publicitária em uma década. Segundo o estudo, o jornalismo "off-line" ainda é o segundo maior destinatário do bolo publicitário no país, com 14,1% de participação, perdendo apenas para a TV, com fatia de 60,9%.
Em edição recente da conceituada revista The Economist a pergunta em sua capa é: "Quem matou o jornal?" Resposta: a internet. Segue a publicação: "De todos os meios 'antigos', os jornais são os que têm mais a perder para a internet. A circulação tem caído nos Estados Unidos, na Europa ocidental, na Oceânia (nos outros lugares, as vendas sobem). Mas, nos últimos anos, a web acentuou o declínio. Em seu livro The Vanishing Newspaper, Philip Meyer calcula que o primeiro trimestre de 2043 será o momento em que o jornal impresso morrerá nos Estados Unidos, quando o último leitor cansado colocar de lado a última edição amarrotada."
Os próprios profissionais da área parecem estar "jogando a toalha". 750 jornalistas foram ouvidos pelo instituto Oriella PR Network, em 21 países. 52% deles acreditam no fim da comunicação "off-line" em algum ponto do futuro. Com a ascensão das mídias sociais, os profissionais acreditam na extinção das empresas de comunicação "off-line", seja impressa, rádio ou TV, inclusive.
Exemplos da mídia impressa saindo de campo nos chegam a todo o momento, com alguns veículos, na busca da sobrevivência, passando atuar somente através de portais na Internet. O Jornal do Brasil é o mais recente e traumático. Com jornalismo de qualidade e incentivo à leitura impressa, as notícias no papel ainda sobreviverão por algum tempo. Mas o horizonte é muito desalentador. 

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