O ovo, a galinha e o poder de polícia

Por Iraguassu Farias, para Coletiva.net

Iraguassu Farias - Arquivo Pessoal

O TSE chamou para si a tarefa de polícia eleitoral. Importante frisar o eleitoral porque é um poder de nove dias. E também é importante sublinhar polícia, porque - embora não devesse, parece não ter restado muitas alternativas. Se alguém tentar roubar sua casa e você chama a polícia, a expectativa é de que ela iniba o ato. Depois a justiça pune ou liberta.

Então vamos lá:

  1. A) Tira do ar, investiga, julga e devolve o direito de publicar. Ou não. 
  2. B) Acolhe denúncia, investiga, e ou mantém a publicação ou tira do ar.

O processo dos dois modos, é quase o mesmo. A diferença é, de um lado, o momento em que tira do ar a desinformação. E também  a diferença de dois ou três dias. Essa defasagem de dias é fatal quando um dos lados tem uma estrutura muito qualificada de difusão. Acionado o MP eleitoral e denúncia feita de uma fake news, hoje terá efetividade quando a máquina de robôs já terá gerado, no mínimo, outras duas ou três novas desinformações. 

E a primeira já foi viralizada com a ajuda desses impulsionadores. Quando o TSE chega neste ponto de "primeiro retira e depois julga", admite que não teve preparo e competência para coibir a maciça onda que tomou conta deste período de campanha do segundo turno.

O que vem primeiro aqui? O ovo ou a galinha? 

A este problema, soma-se a punição a veículos desmonetizados ou tirados do ar por conta das mesmas fake news. Não é de se estranhar as manifestações do setor, que inclusive uniu patrões e empregados, contra a violação da liberdade de imprensa. O TSE, que somente agora pune com direito de resposta uma quantidade muito grande, deixou acumular desde o final de setembro os pedidos nesse sentido. E há mais de 33 pedidos de cada lado pendentes de análise. 

O debut deste modelo, usado aqui em 2018, que elegeu um doido nos Estados Unidos, em 2016, e fez o Reino Unido sair da Comunidade Europeia, tem a mão de Steve Bannon e a da Cambridge Analytics. Duvido não haver nessas eleições seus "consultores''.

A campanha começou em 16 de agosto e, somente agora, o TSE resolveu arrochar.

Este ovo da galinha (ou será da serpente?) vai render muita discussão. Eu acho que por linhas tortas, se faz a coisa certa.

Alguém mais concorda?

 

Iraguassu Farias é diretor Comercial de Coletiva.net.

Comentários