Por que as empresas precisam falar de diversidade?

Por Mariana da Rosa, para Coletiva.net em especial Diversidade e Comunicação

Mariana da Rosa - Arquivo pessoal

Já me disseram que diversidade é "assunto da moda, logo passa", mas será mesmo que debater isso é um simples modismo? Com a consultoria de diversidade, converso com pessoas de todos os públicos, das fazem parte dos grupos minorizados às pessoas que olham com estranheza esse tema. 

Em palestras e treinamentos, é muito comum que alguns homens não se sintam confortáveis em falar sobre como o machismo estrutural afeta a vida deles e das mulheres. Ou então ficam incomodados quando os dados de violência contra elas são apresentados, sentem que esse é "outro universo, eu não sou assim, mas nem todo homem". É natural pensar que o problema está com a outra pessoa. Porém, quando o assunto flui, é possível enxergar o espanto quando estes homens se percebem sendo beneficiados com essa estrutura patriarcal. 

O mesmo ocorre quando o tema chega ao racismo estrutural. O que mais temos para apresentar nos encontros são dados, imagens, áudios e vídeos sobre como o racismo fere e mata diariamente, ofusca e deixa o mundo desigual para mais da metade da população brasileira, que é negra. Mesmo assim, muitas pessoas brancas preferem acreditar que esse assunto é um mito. Ou que o racismo vai ser resolvido se não falarmos sobre isso. Mito mesmo é esse pensamento. Nós, pessoas brancas, temos a obrigação de lutar na desconstrução do racismo estrutural na sociedade.

Outra surpresa é entender as diferenças e os conceitos da sigla LGBTQIA+. As letras e esse pré-conceito sobre essa população minorizada podem afastar as pessoas sobre a importância de debater este tema. Entendendo sobre identidade de gênero, sexo biológico, expressão de gênero e sexualidade, fica mais fácil identificar em que cantinho da vida o preconceito se aloja. Mais do que isso: é possível perceber que não existem motivos para tanto medo de falar sobre. Fugir do tema só faz com que essa população fique ainda mais vulnerável. 

Quando a pauta passa para as Pessoas com Deficiências (PCD), temos aquele choque com os dados do IBGE, em que mostram que são mais de 45 milhões no Brasil. Talvez esse número seja muito maior. 

Então eu te pergunto: onde estão todos esses públicos minorizados e essas diversidades no mercado de trabalho? Se a sua empresa acredita que é diversa e que aposta em inclusão, mas não tem lideranças ou possui poucos funcionários destes públicos, ela precisa de uma consultoria de diversidade.

Aqui, respondo a pergunta proposta no título, caso você ainda não tenha respondido por si só: as empresas buscam consultoria de diversidade para um diagnóstico sobre como é o ambiente desta organização para quem pertence aos grupos minorizados. Depois disso, buscar formas de atrair novos talentos e deixar o ambiente mais diverso, assim como é a sociedade. A busca por igualdade e inclusão precisa partir das empresas, dando oportunidades e oferecendo crescimento para quem, até pouco tempo, era desrespeitado simplesmente por não pertencer ao grupo considerado padrão pela sociedade.

Mariana da Rosa é jornalista, mestranda em Indústria Criativa e sócia da Alteritat Diversidade.

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