Por uma nova equação do desenvolvimento
Por Ricardo Bueno, para Coletiva.net
Galvão Bueno recebeu a Medalha do Mérito Farroupilha na última terça-feira, dia 13, na Assembleia Legislativa gaúcha, como proposição do deputado Luiz Marenco (PDT). O icônico ex-locutor da Globo e empresário estabeleceu - e vem reforçando - desde os anos 2000 uma relação de proximidade incrível com o Rio Grande do Sul, onde tem uma fazenda e outros negócios, em especial uma vinícola (Bueno Wines), em parceria com o grupo Miolo. Já foi visto (e fez questão de divulgar as imagens, diga-se) até mesmo na praia do Cassino, em Rio Grande, acompanhando um assado à beira-mar, preparado em tonéis de metal.
No mesmo dia, no final da tarde, igualmente na Assembleia Legislativa, o também empresário e empreendedor Pedro Valério recebeu a Medalha da 56ª Legislatura, proposição do deputado Marcus Vinícius (PP). Valério é CEO do Instituto Caldeira, iniciativa que tem atuado como catalisadora da chamada nova economia, apostando no conceito de ecossistema de inovação. Localizado no 4º Distrito, em Porto Alegre, o instituto teve 42 corporates como fundadoras e reúne hoje mais de 450 empresas e instituições, centenas de startups, além de proporcionar também a conexão de todos esses agentes com universidades e o poder público.
Por incrível que possa parecer, na mesma terça-feira, ali ao lado da casa do povo, em cerimônia no Palácio Piratini, ocorreu a solenidade de assinatura do termo de registro em que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) reconheceu o valor histórico-cultural do Sistema Cultural e Socioambiental da Erva-Mate Tradicional, envolvendo o seu cultivo e comercialização. Trata-se do primeiro registro desta natureza no Estado. O cultivo da erva-mate é legado dos povos originários, em especial os guaranis da região das Missões, atividade econômica que ganhou impulso com a chegada dos jesuítas, nos anos 1600, e de lá para cá se consolidou e se expandiu. Não por acaso o Rio Grande do Sul é o maior produtor de folha verde de erva-mate no país e o maior exportador nacional do produto. A planta, que já foi reconhecida como árvore-símbolo do Estado, é cultivada em mais de 32 mil hectares, principalmente por pequenos produtores rurais.
A essas alturas, você deve estar se perguntando: ok, e qual a conexão entre estes três fatos? Bem, ao menos para mim, que estou iniciando, no próximo dia 3 de julho, meu sonhado Mestrado Profissional em Economia e Política da Cultura e Indústrias Criativas, as conexões são evidentes - e muito motivadoras, instigantes até. Todos os fatos dizem respeito à identidade e à cultura gaúcha, sua história, nossas vocações e capacidades produtivas, nosso passado e nosso futuro, nosso presente, pleno de oportunidades a serem descobertas (ou melhor trabalhadas), do ponto de vista do aproveitamento de potencialidades e dos talentos sul-rio-grandenses, integrando diferentes agentes com um mesmo propósito: a realização pessoal e coletiva.
A minha parte para estimular ao máximo esse debate e a consolidação de um novo caminho para o desenvolvimento já comecei a fazer: vai ao ar nos próximos dias o podcast "RS Horizontes: cultura, identidade e desenvolvimento", em que estarei abrindo espaço para todos estes temas. Afinal de contas, estou convencido do poder transformador de uma nova equação, que marca os tempos atuais: economia + cultura + indústrias criativas = desenvolvimento. Quem vem junto?
Ricardo Bueno é jornalista, escritor, poeta, podcaster e gestor de Conteúdo e debatedor do Clube FTA - Futebol, Trago & Assados - o mundo da bola além das quatro linhas.