Precisamos de bons exemplos
De Gilberto Jasper, para o coletiva.net
A arte de educar filhos é um desafio diário, infinito, exaustivo. Tenho dois, um casal de jovens adultos, que diuturnamente geram preocupação. Isso é normal, pelo menos para quem tem a bênção da experiência única de gerar descendentes.
Sou pai há 30 anos e todos os dias me convenço de que ser exemplo para os filhos é a melhor maneira para enquadrá-los na categoria de cidadãos íntegros no futuro. Vejo muitas famílias em que pais e mães "gastam o verbo" citando episódios dantescos de outras crianças, histórias que geraram choque de gerações e temas afins.
Apesar desta interminável cobrança, estes mesmos pais não se apercebem que são maus exemplos para os próprios filhos na rotina familiar. Seja no trânsito, na hora de devolver o troco dado a mais, no momento de furar a fila ou de cometer deslizes morais. Estes incidentes ficam marcados no inconsciente dos filhos que flagram incoerências de quem tanto cobra um comportamento exemplar deles.
Este quadro pode ser flagrado no cotidiano, por exemplo, quando o pai estaciona em fila dupla diante do colégio. Dias antes, este mesmo ato, perpetrado por outro motorista, gerou xingamento e palavrões do mesmo condutor que feriu o Código Nacional de Trânsito bem na frente dos filhos.
É difícil manter-se "dentro do livrinho de acertos das coisas" em 100% do tempo, mas é preciso ser sejamos minimamente coerentes. O descaso com a vida escolar, a falta de interesse com a vivência social em que não se conhece os amigos dos filhos e o desconhecimento com hábitos frugais colabora para que a postura de nossos descendentes não seja aquela que sonhamos.
O que se vê mundo afora são valores e princípios que variam de acordo com o grau de interesse das pessoas. O que hoje criticamos nos outros serve para que tenhamos vantagens ali adiante. Ética, respeito, coerência e humanismo nunca estiveram tão fora de moda. Adotou-se o lema de que "todos os meios justificam os fins", não havendo limites para alcançar os objetivos.
Conflitos e falta de empatia são resultado deste mundo egocêntrico e individualista. Vivemos num "salve-se quem puder" constante em que somente as grandes tragédias causam comoção, rapidamente esquecida quando o tema sai das manchetes.
Gilberto Jasper é jornalista formado pela Unisinos, atua na área de consultoria e assessoria de comunicação e escreve no Jornal Bom Dia sobre assuntos gerais.
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