Tem reputação no seu planner?

Por Mariana Mondini, para Coletiva.net

Dia desses, organizando um treinamento de porta-vozes C-Level de uma empresa nacional de grande porte, refleti sobre exemplos de altas lideranças com reputação impecável para servirem de inspiração aos participantes. É provável que, também no meu caso, lhe venham à mente dezenas de nomes. Afinal, boa parte deles figura em rankings com metodologia para monitorar reputação corporativa e empresarial. Ainda assim, com tantas chancelas e critérios em jogo, é uma responsabilidade muito grande apontar de forma taxativa quem é percebido com uma boa imagem pessoal. 

São muitas variáveis, algumas delas pouco tangíveis. Imagine o seguinte exemplo: um CEO que tem boa eloquência, sabe se comunicar com plateias lotadas, é respeitado em eventos e fóruns importantes e faz um ótimo trabalho de posicionamento digital. Contudo, é notado como um líder distante do público interno, autoritário, que pouco pratica a escuta ativa. É provável que haja muita divergência sobre o juízo que cada fatia de público tem sobre esse CEO. 

Cuidar da reputação é pensar sobre como o outro pode estar nos observando - por informação ou percepção - e que sinais estamos emitindo para que ele tenha as melhores conclusões a nosso respeito. A jornada de reputação é, portanto, permanente e deve considerar todo mundo, dos seguidores do Instagram e do LinkedIn, passando por colegas, à mais alta autoridade. Para isso, a balança do "ser" e do "parecer" precisa estar bem equilibrada. Não basta, por exemplo, um líder acreditar que um ambiente saudável de trabalho deve ser plural e diverso, que fomente inovação, se ele não pratica e comunica essa crença. O contrário é ainda pior e pega muito mal. E tenho certeza de que você conhece alguém assim, que fala mais do que faz. Não é uma equação fácil, mas tem uma pista: verdade acima de tudo. 

Num mundo tão conectado, instantâneo, ambíguo e de hipervigilância, há sempre a chance de vivenciarmos tribunais pelo caminho, de todas as ordens. Um deslize, um mal-entendido ganha lupa e pode deixar marcas duradouras, não apenas na reputação pessoal, mas também na das empresas. Temos tantos exemplos de organizações que tiveram inclusive resultados prejudicados por conta de "escorregões" de seus gestores. Por isso, cuidar da reputação é agenda estratégica de todo o executivo. Sabe aquela poupança que a gente acumula ao longo da vida? É uma ótima analogia aqui. Investir em reputação é engordar um ativo. Um ativo que, se bem gerenciado, pode nos salvar em momentos difíceis, dando contorno ao que somos quando tudo parece mais nebuloso. 

Um líder que entende o seu papel para a estratégia e o crescimento da empresa empresta reputação a ela (e vice-versa). Trabalha intencionalmente e dedica energia para ser reconhecido, confiável e admirado por aquilo que acredita - o seu propósito. Metodologia, persistência, disciplina, consistência e verdade são um bom ponto de partida. O ponto de chegada chama-se LEGADO. 

Mariana Mondini é jornalista e consultora da ANK Reputation

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