Uma visão árabe de futuro
Por Luciano Costa, para Coletiva.net

Confesso que, até meados de outubro do ano passado, nunca tinha ouvido falar na EXPO, muito menos que estava acontecendo em DUBAI, nos Emirados Árabes Unidos. Como pode o maior evento de tecnologia e inovação do mundo ter ficado tão distante da minha mente, e por tanto tempo, já que ele acontece desde 1851?
Bom. Isso agora, pouco importa.
O que realmente tem valor são as memórias, o conhecimento, o contato, aprendizados, referência e inspiração que os locais por onde passei depositaram na minha mente. Dos sete emirados que compõem os Emirados Árabes Unidos, tive o privilégio de conhecer três: Dubai, Abudhabi e Sharjah. Todos com características comuns e algumas singulares. Parece que eles "vivem" do turismo há décadas, já que - por onde se passa - tem estrutura para receber e encantar os curiosos forasteiros.
Sharjah, por exemplo, é um emirado focado em cultura, abrigando diversos museus, bibliotecas, belas praças e um mercado público de dar inveja a qualquer país do mundo, pela sua estrutura e limpeza.
Abudhabi vai além da Fórmula 1 e do futebol (onde recebe há alguns anos, o Mundial de Clubes). Este emirado abriga a MASDAR CITY, cidade que promete ser 100% sustentável, livre de CO2. Ao lado do Aeroporto Internacional de Abudhabi, o local contará com uma universidade, a Masdar Institute of Science and Technology e várias outras empresas de tecnologia. A propósito, tive o privilégio de ver um ônibus autônomo circulando em modo teste. Para os fãs da Ferrari, a escuderia italiana oferece entretenimento para todas as idades em seu gigantesco parque de diversões com sua maior montanha russa do mundo.
Dubai é única. Suas largas avenidas, seus jardins verdes e floridos, suas "ilhas" artificiais - o Dubai Frame, que divide a parte velha e nova da cidade. Eu ficaria linhas e linhas discorrendo sobre os encantos da cidade. Isso sem falar à noite, com suas luzes.
O regime semi-democrático, parece funcionar muito bem com seus 40 deputados e 16 ministérios, sendo o último criado há pouco tempo, chamado de Ministério da Felicidade. Não há desemprego, nem criminalidade. Aliás, as leis por lá são rígidas, geram multas em dinheiro e punição. O que faz com que a população (80% composta de estrangeiros), as cumpra sem hesitar. Em resumo: se você não consumir bebida alcóolica em via pública, não ficar olhando para as mulheres árabes, nem pedir informações a elas, sua chance de ter problemas é mínima.
Sediar a EXPO 2020 foi estratégico para o governo local. Durante seis meses, eles tiveram a chance de conectar 192 países do planeta, oferecendo uma estrutura jamais vista em outro local, convergência de ideias e ações que deixarão um legado para Dubai e para o mundo. Foram milhares de eventos, debates, discussões, temas de interesse global, abordados por especialistas de todo mundo.
Dezenas de personalidades passaram por lá, como Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. O público já ultrapassou a incrível marca de 20 milhões.
Ter estado na EXPO DUBAI foi viver um sonho real, perceber que há muita gente no mundo buscando melhorar a vida dos humanos, além de perceber que a percepção de "tempo", para os árabes, é possivelmente mais rápida do que qualquer outro lugar do mundo.
Imaginem que toda a estrutura - levantada em pouco mais de cinco anos - pretende receber 150 mil "habitantes", a partir de abril, com o término da feira. Entre moradores e trabalhadores, o Distrito 2020, como será chamado o local, deve abrigar empresas de todo o mundo, que tenham interesse comum pela tecnologia, inovação e solução.
Tudo é pensado com uma convicta visão de futuro. Sim, eles já estão em 2050.
Luciano Costa é sócio-fundador da Exponencial, Pessoas & Negócios, Comunicação e MKT, e diretor de Programação da Coletiva.rádio.