Valorizando a diversidade onde quer que eu vá

Por Valéria Luna, para Coletiva.net

Valéria Luna - Arquivo Pessoal

Mesmo sabendo que o assunto é latente, urgente e que precisa de muita atenção, quando se fala de diversidade, de certa maneira, me sinto privilegiada, pois mesmo muito nova e sem entender ou até mesmo sem absorver, lidar com a diversidade sempre foi orgânico pra mim. Principalmente porque tive a sorte de ver isso sendo trazido de maneira muito natural para dentro da nossa família pelos meus pais.

Nasci em Olinda, nos anos 80. Meu pai era artista plástico, um dos principais aquarelistas do país e minha mãe assistente social, ambos paraibanos que resolveram morar em Pernambuco. Por sua vez, minha mãe, depois do nascimento dos filhos, se tornou a marchand do meu pai cuidando da sua carreira como um todo. A partir disso, foi impossível não já enxergar a diversidade orgânica que havia e ainda existe em minha família. E analisando, vejo o quanto este breve recorte já me renderia a segurança de ser quem eu sou. Coisa que é rara hoje em dia.

Logo quando comecei a faculdade de Relações Públicas, fui trabalhar na área de eventos e como estagiária, e com menos de 20 anos, já conseguia vislumbrar ali o quanto a diversidade e a convivência com as mais diferentes pessoas e as mais diversas formas de pensar e agir, já estava ali "enraizado" em mim. Em seguida ao estágio, ainda na área de eventos, fui trabalhar como coordenadora de uma feira de tecnologia para a indústria da moda, área que trabalhei diretamente por quase 10 anos. Por um lado, pude ter todas as afirmações possíveis de que a diversidade existe, mas por outro vi que nenhum segmento é livre de preconceito. Acho que nesse momento entendi que não é só olhar para o preconceito que tu sofre, mas ser ativo e ajudar no preconceito que outros sofrem.  Sempre quis ser uma voz ativa que falava: respeito é bom e todo mundo gosta!

Apesar do meu privilégio de ter tido uma educação que apontasse a diversidade e o respeito de maneira orgânica, enfrentei situações de preconceitos, não só comigo, mas com colegas, profissionais de excelência, amigos, pessoas queridas e que puderam me mostrar como o acolhimento é importante. Meu com eles, eles comigo. Esse foi outro importante aprendizado.

Na pele de uma mulher, mãe, nordestina e que veio de Olinda para Porto Alegre há mais de 10 anos e atuante na comunicação corporativa, tive novamente a sorte de encontrar líderes que também valorizam a diversidade. Em casa, com meu marido e minha filha, nossa família também não faz parte do padrão da "tradicional família brasileira", e buscamos diariamente por meio da educação e do diálogo mostrar para nossa filha também que: respeito é bom e todo mundo gosta! Independentemente de qualquer coisa, inclusão e diversidade são pautas que precisam ser levadas para dentro de casa, para as crianças de maneira natural e com muita consciência. 

Hoje vejo que todo esse ecossistema da diversidade pra mim é orgânico e luto pra que seja para todos. Temos pautas urgentes pela frente e o meu "privilégio" de ter sido criada com a diversidade não me coloca em posição confortável, mas sim de uma necessidade de levar isso comigo, onde, quando e com quem eu esteja!

 

Valéria Luna é formada em Relações Públicas e atua como analista de Comunicação e coordenadora das Ações Estratégicas da Martha Becker Connections.

 

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