Marketing também requer boas maneiras

Por Wesley Cardia Os livros e a vida ensinam que um dos ingredientes para o sucesso na vida corporativa é um mínimo de "savoir-faire", …

Por Wesley Cardia
Os livros e a vida ensinam que um dos ingredientes para o sucesso na vida corporativa é um mínimo de "savoir-faire", seja à mesa, seja nas relações interpessoais. Os head-hunters fazem questão de que uma das entrevistas para vagas de direção de empresas incluam, em algum momento, um almoço com o candidato para ver se ele não assassina o filé pegando os talheres como se fossem instrumentos de pedreiro.
As boas maneiras, assim como em sociedade, são fundamentais no mundo dos negócios para o sucesso de homens e mulheres. Espera-se que as pessoas, quando não trazem uma boa educação de berço, a adquiram ao longo de sua evolução profissional. Afinal, ninguém gosta de sentar-se num almoço de trabalho com uma pessoa que fale de boca cheia. Isso não é frescura. É civilidade, é urbanismo.
Lembro de um fato que se repetia numa grande empresa em que trabalhei, onde algumas pessoas trocavam de lugar na mesa do restaurante executivo ao perceber que um antigo comunicador sentava-se à sua frente. Mesmo com a reincidência do fato ele não se dava conta de que alguns colegas simplesmente não suportavam vê-lo comer e trocavam de lugar. E pior do que isso, esse fato atrapalhava suas relações interpessoais.
Não estou sugerindo que todos saiam a ler os livros e manuais da Célia Ribeiro (embora fosse muito bom que algumas pessoas lessem cuidadosamente), mas, assim como beleza é fundamental, nas palavras do velho poeta, a educação também é. E eu acredito que a falta de educação seja a principal responsável pela ausência de respostas dos profissionais de marketing de empresas e agências a propostas e projetos que lhes são apresentados. Sim, eu sei que todo mundo é super ocupado e que tem mais coisas a fazer do que o tempo permite. Mas as pessoas que estão prospectando também são ocupadas e esse é o seu trabalho. Quando um contato de rádio ou jornal, um agente cultural ou a Associação de Pais e Mestres procuram uma agência ou uma empresa para oferecer mídia ou o projeto da quermesse da escola, todos eles imaginam que aquela é a proposta mais importante do mundo no momento.
E o que acontece na imensa maioria das vezes? Nada. O material é simplesmente jogado sobre uma pilha e esquecido. É claro que algumas empresas, como a Coca-Cola, por exemplo, recebem até centenas de pedidos de patrocínio todos os meses (quase todos descabidos). Mas aqueles que enviaram entendem que as propostas são razoáveis e, pasmem, inteligentes. O que cabe nesses casos é uma resposta, curta, definitiva, mesmo que seja apenas uma negativa, mas que seja gentil. Saber que a proposta foi aceita ou negada é fundamental para que o proponente possa agir. Seja para sacramentar o negócio, seja para partir para outra.
Responder as iniciativas de veículos, agentes ou mesmo de malucos, que imaginam perfeito seu projeto de um anúncio para chamar a polícia projetado no céu como se fosse a logomarca do Batman, é, mais do que um ato de profissionalismo, um ato de boa educação. Se isso será feito num formulário padrão e assinado pelo assistente do estagiário, não importa. Ao menos estará sendo providenciada uma resposta. Senão, fica como um interlocutor, que estende a mão para cumprimentar uma pessoa e acaba com ela estendida, sem que o outro a aperte. Além do mais, a história ensina que nunca se passa a vida toda nos palácios do Olimpo, como também não se passa a vida toda na planície. As posições mudam, mas a boa educação e o respeito pelos interlocutores, ah, esses devem ser sempre os mesmos.
* Consultor de Marketing

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