Por Carlos Abbud
Eu não poderia deixar de registrar a razão que me levou a escrever este livro. Em primeiro lugar, foi a realização de um sonho, do qual gostei muito e acho que não vou parar. Já iniciei a continuação desta história com outro livro, o qual chamarei de "Santa Glória". Depois da página 385, vocês vão saber porque.
Uma coisa sempre me preocupa nesses mais de trinta anos que trabalho em marketing: o incrível e sedutor glamour da propaganda e do publicitário. Eu via, ano a ano, o número de inscritos nos vestibulares de propaganda e marketing crescer. Eu via ano a ano aumentar assustadoramente o número de faculdades de comunicação no Brasil. Só que, com o tempo, acompanhando o currículo dessas escolas, concluí algo estarrecedor. Elas não ensinam o jovem peixinho a se proteger contra os predadores peixes maiores. Elas não mostram a realidade dessa difícil, turbulenta e inconstante profissão.
Essa foi a outra razão porque escrevi sobre este tema e espero que muitos estudantes o leiam. Através de uma história fictícia procurei mostrar como se forma um publicitário desde sua infância, o acaso que o levou a trabalhar numa agência de propaganda, o ódio e o amor que adquiriu pela profissão, os lobos, tubarões, serpentes, veados e maravilhosos anjos que influenciaram em seu destino, terminando pela importância da disciplina e do relacionamento que o galgaram ao mais alto posto de uma gigante multinacional da comunicação.
Porém, como aquariano que sou, não poderia deixar de polemizar e viajar pelo futuro. Entro num novo mundo publicitário, não utópico, porém difícil de realizar. Talvez, um dia, eu ainda estarei neste planeta para ver algo parecido, pois, de certa forma, eu aproximei muito o desfecho deste livro com o que imagino existir no céu.
* Carlos Abbud é diretor da agência McCann Erickson. Este é o texto de apresentação que fez para seu livro de ficção "O Publicitário", editado pela Nova Prova Editora, e que será lançado no dia 3 de outubro, na Livraria Cultura, do Shopping Bourbon, em Porto Alegre