Social Media não é profissão

Por Ana Carvalho, para Coletiva.net

Você não é Social Media. Você faz Social Media.

Pesquisa, planejamento, redação, design, mídia, interação, análise de resultado. Sem falar do atendimento, gerenciamento e programação. São atividades básicas que estão vinculadas à área Social Media.

No início de carreira é normal ser generalista para aprender, mas seguir com esse comportamento prejudica sua saúde mental, um desserviço para o mercado e para sua vida profissional. 

E por que eu digo isso? Vou te explicar o porquê. 

Prejuízo para sua saúde mental: Me dei conta que a generalização das funções era um problema quando vi uma pesquisa na Harvard Business Review afirmando que os profissionais de marketing estavam especialmente estressados. Mais do que a média do que outras áreas.

Fiz uma pesquisa pelas minhas redes para saber se as pessoas concordavam e quais seriam os principais motivos para isso acontecer. Foi praticamente unânime: estamos sobrecarregados. Claro, os profissionais que trabalham com social media (o público com o qual converso) costumam abraçar todo o processo de trabalho.

Mas você não vê um advogado de família pegando caso criminal ou um dermatologista tratando o coração. Dentro da redação do jornal nós temos os redatores, os editores, os fotógrafos, os diagramadores. Por que quando falamos de social media é diferente?

O resultado disso, além de burnout coletivo,  é a falta de resultado! Porque é simplesmente impossível você entregar com excelência fazendo tudo sozinho.

Desserviço para o mercado: com a falta de resultado vem a desvalorização da área. Com a desvalorização da área vem a baixa remuneração. 

Qual a solução para tudo isso? Na minha cabeça, parece simples: recebeu um briefing que não consegue executar de forma integral muito bem? Manda uma mensagem para aquele seu amigo especialista de outra área e divide com ele o trabalho.

E sabe por que as pessoas não fazem isso? Porque têm medo de perder dinheiro. Percebe o ciclo vicioso? 

Enquanto você não aprender a se portar como profissional especialista ao invés de generalista, vai continuar trabalhando infeliz sem resultados, sobrecarregado e o mercado inteiro desvalorizado.

Quando você compartilha  o trabalho com outras pessoas , duas coisas vão acontecer: você vai criar uma rede do bem e aquela pessoa que você chamou hoje vai te chamar amanhã; e você vai ganhar mais tempo e pode aproveitá-lo de diversas maneiras. Estudando e se especializando mais naquilo que gosta de fazer, procurando novos trabalhos ou, de repente, até fazendo nada. É importante descansar para não cairmos no famigerado burnout.

Desserviço para sua vida profissional: Já ouviu falar no Efeito Halo? É um estudo da psicologia que justifica que a primeira impressão é a que fica. Edward Lee Thorndike, lá por 1920, investigou esse fenômeno e concluiu que "depois de criada uma primeira impressão global sobre uma pessoa, temos a tendência para captar as características que vão confirmar essa mesma impressão".

Vamos supor que você é uma boa redatora. Se você se porta como generalista de social media e o cliente percebe que você não é boa no design, ele tende a achar que você é ruim em tudo. Se você se porta como especialista de redação e entrega bem essa parte, ele tende a achar que você é boa em tudo.

Essa percepção de valor implica diretamente em quanto o cliente está disposto em te remunerar. 

No final das contas, tudo isso é um um vício de mercado e os culpados somos nós mesmos. Esse mercado é muito novo e é nosso papel educá-lo. Pelo bem de todos nós, pare de se intitular como social media e diga que você faz ou trabalho com social media.

 

Ana Carvalho é relações-públicas e especialista em planejamento criativo.

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