Fala, mercado: Thiago Zahreddine

Jornalista da TV Record RS fala sobre o privilégio de cobrir o caso da Boates Kiss e suas dificuldades

Thiago Zahreddine, da TV Record RS - Arquivo Pessoal

Repórter há seis anos, Thiago Zahreddine, da TV Record RS, era estudante de Jornalismo quando aconteceu a tragédia da Boate Kiss. Estava em viagem fora do Brasil quando, de dentro de um elevador viu em uma TV uma chamada, conseguindo identificar palavras como Santa Maria, Kiss e mortes. "Meu cérebro demorou a processar que era estranho uma notícia daquelas estar na imprensa de lá. Depois disso, comecei a procurar na internet e descobri o tamanho da tragédia", relatou ao Coletiva.net. O jornalista morou por alguns anos em São Borja e, por isso, soube de muitos colegas de infância que morreram dentro da boate.

Na opinião dele, tanto tempo depois, os profissionais aprendem a lidar com a dor e se distanciar desse lado emotivo, atuando na reportagem. Por outro lado, é complicado separar o lado humano do profissional, e isso acontece de forma mais latente quando se está envolvido intensamente no hard news. "É difícil explicar para quem está de fora dessa realidade, mas é quase como não ter tempo de se emocionar, ao menos na hora das transmissões." Atualmente, Thiago está lendo a obra de Daniela Arbex, 'Todo dia a mesma noite', o que faz com que ele se reaproxime de questões mais emocionais. "Confesso que, lendo o livro, chorei por algumas vezes já", disse.

O jornalista entende que são poucas as vezes que a imprensa consegue ter noção em tempo real de que estão cobrindo a História, embora o Jornalismo seja esta prática. "Nesse caso, estamos vendo a esperança da finalização de uma tragédia de quase 10 anos atrás, e podendo contar para todo o Brasil o que está acontecendo aqui", enalteceu, completando em seguida que acredita que o que for decidido durante o julgamento vai mudar completamente o destino do País. 

Sobre como se preparou para esta cobertura, Thiago explicou que o fato desse júri ter sido amplamente divulgado durante nove anos ajuda, mas também atrapalha. Isso porque são muitos os detalhes a serem observados. "Temos que buscar os fatos de 2013 até hoje, pois o processo mudou algumas vezes. Isso torna a preparação ainda mais intensa e de responsabilidade maior", concluiu.

Em uma iniciativa entre Coletiva.net e Coletiva.rádio conteúdos especiais são gerados durante todo o julgamento - e a ação conta com o apoio institucional da Associação Riograndense de Imprensa (ARI). O objetivo da cobertura especial é mostrar ao público a atuação da imprensa, com matérias, fotos, entrevistas exclusivas e a visão dos jornalistas credenciados para acompanhar o que deverá ser o maior julgamento da história do judiciário gaúcho.

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