Nas palavras de Filipe Peixoto, ter ido para Santa Maria em janeiro de 2013, na ocasião do incêndio da Boate Kiss, quando ainda era "um jovem repórter", foi o grande desafio da carreira dele. Em conversa com Coletiva.net e Coletiva.rádio, o jornalista comentou sobre o privilégio de voltar a Porto Alegre para seguir na cobertura do caso, já que atua na Bandeirantes de São Paulo desde agosto de 2019. "Naquela época, me vi em uma das coberturas mais difíceis, então, amadureci muito profissionalmente", disse.

O jornalista ainda ressaltou que o júri, que está em seu terceiro dia no Foro Central da capital gaúcha, simboliza o fechamento de um ciclo não apenas para as famílias das 242 vítimas e dos 636 sobreviventes, mas também à imprensa, que "está trabalhando nessa pauta de forma muito árdua". Para Filipe, a mídia não acompanhou apenas a tragédia, mas todos os desdobramentos ao longo destes oito anos. "O trabalho jornalístico em cima disso tem um papel fundamental", analisou.

Além disso, também salientou que essa cobertura é a forma das pessoas saberem o que estava acontecendo, pois não há como mergulhar em um processo de 19 mil páginas e esperar oito anos. "A imprensa foi a porta-voz do que o judiciário, as famílias e todo mundo estava fazendo em relação à maior tragédia do País." Ainda sobre a mídia, Filipe fez questão de enaltecer os conterrâneos, ao garantir que a qualidade dos profissionais gaúchos é muito alta. 

Na opinião do jornalista, ter recebido o voto de confiança para continuar no acompanhamento da tragédia está ligado ao seu histórico com a pauta. Não apenas por ter estado em Santa Maria em 2013, mas por ter sido responsável pela maioria das reportagens feitas desde então. "Estou ajudando muitos colegas, que não passaram por tudo que passei. Então, é uma grande oportunidade poder ser uma referência na minha equipe, com tudo que aprendi ao longo desse tempo."

Filipe fez questão de encerrar sua fala enaltecendo sua formação, pois foi em Porto Alegre que construiu a carreira e deve muito a esta cidade. "Estar presenciando isso tem um sentido muito importante, que é o de retribuir. A sensação de voltar para casa, rever colegas e amigos da imprensa, não tem igual. Nas últimas 24 horas dei muitos abraços sensacionais - com os devidos cuidados."