Advogado aborda os desafios jurídicos da IA na gestão corporativa

Sócio-fundador do MCM Advogados, Marcel Marquesi abriu a programação da tarde no fórum IA Unicórnio da Gestão

Sócio fundador do MCM Advogados, Marcel Marquesi foi o palestrante. - Crédito: Coletiva.net

Sócio-fundador do MCM Advogados, Marcel Marquesi abriu a programação da tarde no fórum IA Unicórnio da Gestão com a palestra 'IA na Gestão: Custo Oculto e a Blindagem Jurídica'. Com mais de 25 anos de experiência em advocacia e reconhecido pelo guia internacional Chambers and Partners, ele é especialista em Direito do Trabalho Corporativo, gestão de passivo e consultoria preventiva.

A partir da experiência na área de Governança e Compliance, o advogado discutiu como a Inteligência Artificial desafia estruturas jurídicas tradicionais dentro das empresas. Para ele, o avanço tecnológico traz ganhos operacionais, mas também amplia a responsabilidade das organizações em relação à proteção e à regulação de dados. Na sua fala, ele colocou o foco nos impactos menos visíveis, chamados de "custos ocultos", e também nas questões legais relacionadas à privacidade e segurança dos dados captados pela IA. 

Custos ocultos

Custos ocultos são despesas não visíveis na contabilidade tradicional que impactam a lucratividade de uma empresa, como retrabalho, desperdício, erros operacionais e ineficiências em processos. Ele apontou que entre 30 e 50% das organizações têm um aumento de gastos acima da estimativa inicial quando os custos ocultos não são contabilizados. Somado a isso, segundo dados de 2025 da Forbes, já são U$12 bilhões por ano que estão sendo perdidos pelo mau uso da Inteligência Artificial.

A IA pode causar custos ocultos em diversas áreas de uma organização. Alguns exemplos são: consumo maior de energia; capacitação contínua; implementação de criptografia e controles de acesso e monitoramento de segurança. E, claro, um dos maiores impactos está na produtividade. Dados apresentados por Marcel dão conta que 40% dos profissionais recebem trabalhos mal executados com Inteligência Artificial mensalmente. O custo para o retrabalho chega a US$ 186 ao mês, podendo chegar a US$ 9 milhões ao ano para empresas com mais de 10 mil funcionários.

Para responder a isto, o advogado trouxe recomendações para a implementação responsável de IA. São elas: planejamento e governança, por meio do estabelecimento de políticas robustas; investimento em pessoas, estimulando a capacitação e a retenção de talentos; qualidade de dados, que envolve a preparação, a limpeza, a validação e o monitoramento; conformidade proativa com a LGPD, implementando-a desde os processos iniciais; e monitoramento contínuo, avaliando o viés algorítmico regularmente.

Blindagem jurídica

Ao adentrar o tema, Marcel apresentou um dado de que 57% dos funcionários das empresas já usam Inteligência Artificial no dia a dia semanalmente. Nesse cenário, o risco central é o vazamento de dados pessoais e confidenciais. "Quando um empregado insere dados de clientes, códigos-fonte, estratégias comerciais ou informações pessoais em um prompt de IA pública, está expondo as informações", alertou.

Para combater esse risco, ele sugere a criação de políticas internas de uso de Inteligência Artificial, com a elaboração de processos claros e verificáveis, bem como a oferta de treinamento e capacitação, de modo a esclarecer os riscos atrelados ao uso da IA. A avaliação de impacto também é importante (DPIA) antes de implementar esses sistemas, que devem passar por auditoria e monitoramento. Por sua vez, por meio da governança de dados é possível estabelecer procedimentos de notificação de incidentes, manter registros auditáveis e comunicação transparente.


A equipe de Coletiva.net acompanha o fórum IA Unicórnio da Gestão, evento exclusivo de Inteligência Artificial para transformar a forma como líderes públicos e privados decidem, influenciam e lideram. O encontro é idealizado pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE-RS) e pela Storia Eventos. Nessa cobertura, participam a gerente de Conteúdo Patrícia Lapuente, a repórter especial e social media Márcia Dihl e as assistentes de Redação Ana Rosa e Ronise Garcia, que produzem matérias, entrevistas e bastidores diretamente do local. Além delas, integra a equipe de reportagem a repórter especial, responsável pela editoria ColetivaTech, Sarah Acosta, que produz conteúdos especiais e aprofundados. O público pode acompanhar a cobertura completa no portal Coletiva.net, com repercussões nas redes sociais - incluindo Facebook e Threads - e conteúdos exclusivos no Instagram e drops na Coletiva.rádio.

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