Campeões de audiência
Por Flávio Dutra
Acho que já estou ficando chato na minha cruzada contra os vícios de linguagem dos repórteres de rádio e TV e mesmo de alguns âncoras. Não tenho culpa se a audição é o meu sentido mais apurado e a repetição de alguns tiques incomodem este velho e cada vez mais rabugento jornalista. Outro dia postei nas redes sociais que o que mais tem aparecido, no momento, entre a garotada da reportagem é o tal de "aí", muleta usada às pencas, sobretudo, nas entradas ao vivo. O Alex Gusmão, experiente repórter televisivo da Band em Brasília comparou o "aí" a uma espécie de virgula no texto. Uma repetitiva vírgula mal colocada, acrescento eu.
Nos comentários da postagem, a maioria de jornalistas veteranos, surgiram críticas a outro campeão de audiência, o "né", também excessivo até mesmo entre afamadas ancoragens. A Ligia Tricot, jornalista de TV de reconhecida experiência, lembra ainda o "qual que é", que já mereceu até uma coluna deste que vos fala, intitulada 'Um quê a mais'. Registo mais os modismos do "por conta de" e do onipresente "desconforto muscular" da meninada do esporte, sem contar o "a gente", o "bacana" e um novíssimo e acariocado "cê" substituindo o você.
Já confessei em outra crônica que também tenho um cacoete, do qual não consigo me livrar, um "tá" que parece querer validar o que acabou de ser dito, mas como não sou comunicador de vídeo ou microfone, estou perdoado, tá. Também é verdade que vivo me policiando, tá.
Será que a os jovens e promissores repórteres que acompanho tem feito esse exercício de humildade para limpar dos seus improvisos os "aís" e os "nés"? A empreitada cabe também aos editores do material dessa turma. Atentos e exigentes, eles, os editores, vão contribuir para que meus já sexagenários ouvidos sejam menos incomodados. Antecipo agradecimentos.