A grossura e o design

      É muito estranho comparar caos semelhantes. Design, por exemplo. Alguns falam em estratégia. Os designers precisam ser conhecedores de um complexo produto: o marketing. …

      É muito estranho comparar caos semelhantes. Design, por exemplo. Alguns falam em estratégia. Os designers precisam ser conhecedores de um complexo produto: o marketing. Para entender design, entre os estrategistas, é preciso falar em design. Isto é ponto pacífico, objeto de convênios, etc.
      Porém, falemos agora em política, em liberdade. Um grupo de pessoas, antes de 64, entrou Brasil adentro para procurar o Brasil-de-Verdade, ao contrário do que se produzia e consumia na época, aceito no Brasil como caído-do-céu. Falamos da busca, da procura da grossura brasileira. Fui resgatar essa aventura registrada em livro e, no caminho, encontro os irmãos Campana, conhecidos designers brasileiros, na internet. Seus trabalhos estão mais para esculturas do Siron Franco (artista internacional, pintor do Brasil): montanhas de bonecos feitos com roupas usadas, por exemplo. Imaginem esta enorme escultura virar cadeira? O trabalho dos Campana é assim, feito a partir de referências verdadeiras. Como bonecos de pelúcia com os quais vivemos na infância e outros objetos-de-Verdade.
      Esta é uma semelhança com aquela turma de enxeridos, nos idos 50.
      Trata-se de Lina Bo Bardi.
      Já na abertura do livro há uma frase que espanta: "Porque o artesanato como corpo social nunca existiu no Brasil, o que existiu foi uma imigração rala de artesãos ibéricos ou italianos, e no século XIX, manufaturas. O que existe é um pré-artesanato doméstico esparso, artesanato nunca." (Pág.12)
      E por aí vai. É um discurso inflamado, gritado contra a tecnocracia e o cientificismo em que se baseia o ensino de desenho industrial especificamente no Brasil. O texto, que inicia em 1980, fecha na data da edição, em 1994, com uma chamada à responsabilidade social sugerindo a união da área de urbanismo, planejamento ambiental e outras manifestações culturais. Aquilo pelo que clama anda em processos intermináveis que avançam como paquidermes. Chega a ser uma utopia. A mesma grande e saudável utopia que regia o mundo entre 50 e 70.
(Voltaremos a falar sobre)



Tempos de grossura:

O design no impasse

De Lina Bo Bardi

Instituto Lina Bo e P. M. Bardi
Matéria com os Campana

www.adbrasil.com.br
( [email protected])

Comentários