Ecologia e marketing

      A bola da vez é a ecologia. Todos estamos preocupados com o nosso futuro e qualidade de vida. O homem (espécie) poluiu e devastou …

      A bola da vez é a ecologia. Todos estamos preocupados com o nosso futuro e qualidade de vida. O homem (espécie) poluiu e devastou demais em nome do progresso. Foi uma conduta onipotente e infantil, na verdade. Achavam que tudo poderia ser feito, sem qualquer prejuízo futuro.
      Ainda hoje, vivemos uma situação irreal. Andamos em nossos carrões, de ônibus, para todos os lados. Consumimos todos os tipos de produtos plásticos/derivados: sacolas, garrafas PET, filmes de PVC, como se o petróleo fosse um recurso renovável. Não é. Vai acabar. Mas continuamos com nossos hábitos rigorosamente iguais.
      Também é assim com a água. Apesar do pequeníssimo percentual de água potável que existe no planeta, continuamos a desperdiçá-la. Limpamos calçadas com a mangueira ao invés da vassoura, deixamos pingar e correr a água da torneira sem nenhuma preocupação. Um dado ilustrativo: na África, as pessoas consomem por mês 20 litros de água. Tem de andar muitos quilômetros para obtê-la e, por isto mesmo, consomem menos. Os americanos gastam em média 700 litros de água.
      A contrapartida desta despreocupação ambiental por parte do homem veio rápido. A Terra começou a acusar. E daí, tome aquecimento global, degelo nas calotas polares, buraco na camada de ozônio, alteração do regime das chuvas em todo o mundo, desaparecimento de diversas espécies animais, rios e mares cada vez mais poluídos, como o ambiente em geral. Os dados são realmente alarmantes e graves, requerem uma reflexão profunda do nosso modo de agir e viver.
      Talvez por conta disto, as pessoas (consumidores) passaram a demandar uma postura ambientalmente responsável por parte das empresas. Querem empresas que não poluam. Caso isto não seja possível, que poluam pouco. Caso isto ainda não seja possível, que tomem providências para reduzir o dano ambiental. Um exemplo disto é a prática de reservas de carbono, onde uma empresa que polui pode comprar cotas de empresas ou áreas não-poluentes. Uma empresa que polui na Holanda, por exemplo, compra 2 mil hectares de área altamente arborizada no Brasil. As árvores são plantadas com este objetivo, o de se tornarem "créditos ambientais". Já virou um negócio, e dos bons. (Mais informações sobre este assunto podem ser encontradas na edição de alguns meses atrás da Revista Amanhã).
      Os "créditos ambientais" podem ser obtidos também através do investimento em projetos de tecnologias limpas, tal como fez a Alemanha ao assinar recente acordo com o governo gaúcho.
      Mas o foco desta coluna não é o de relatar as iniciativas de preservação ambiental que estão sendo implementadas. Esta matéria seria para especialistas no assunto, o que não é meu caso. Meu foco é o da imagem que as empresas estão formando ao investirem em preservação.
      Considerando então este novo panorama mundial, os consumidores passaram a exigir uma postura ambientalmente responsável por parte das empresas. Todos estão preocupados com o que está ocorrendo com o mundo e, principalmente, com o que virá. Desta forma, acabam por criar uma imagem altamente positiva junto à comunidade e consumidores as empresas que se preocupam e investem em projetos desta natureza. Obviamente as empresas que mais vem investindo em projetos ambientais são aquelas que mais poluem. Mas mesmo empresas que não são diretamente poluidoras, passaram a investir nestes projetos, como forma de fortalecer ou melhorar suas imagens institucionais. Isto porque as pessoas passa a associar alguns atributos a empresas ambientalmente responsáveis: éticas, cidadãs, sérias e confiáveis. E é claro que isto se reflete também na gôndola dos supermercados, na hora do rancho.
      Este fenômeno vem sem ampliando de tal forma que já há um conceito relativamente novo em marketing - o de marketing social -, que diz que as empresas devem criar, identificar e desenvolver produtos e serviços que atendam e superem a expectativa de seus consumidores, mas de tal forma a melhorar a qualidade de vida. A preservação ambiental entrou forte em marketing.
      Uma notícia final: a Rússia ameaça não ser signatária do Protocolo de Kyoto. Caso isto venha a acontecer, este protocolo termina por perder seu efeito. Pode-se ver que, embora haja uma preocupação crescente por parte da população mundial com relação ao ambiente, esta ainda não atingiu alguns governantes.
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