Hora de ter esperança

Por Cris De Luca

Chorei. Chorei e não foi pouco. Fui dormir com olhos vermelhos e de cara inchada ontem. As lágrimas escorriam pelo rosto sem o menor esforço. Já chorei com outros resultados de eleições, de alegria e de frustração, mas ontem o choro foi de tristeza mesmo e um fundinho de medo. Normalmente, assim que termina a apuração, faço um post dando os parabéns e desejando um bom governo para quem foi eleito. Ontem, não consegui nem fazer isso. Comecei a escrever algumas vezes e sempre acabava em lágrimas. Não que esse texto não vá acabar assim, mas era um sentimento diferente de tudo que já senti.

Hoje, um pouco mais 'tranquila' com o turbilhão que está dentro de mim, consegui ter um outro olhar sobre o governo que está por iniciar. Não, não vou conseguir parabenizar o nosso novo presidente, pelo menos por enquanto. Mas sei que o momento é de renovar as esperanças e eu, realmente, espero estar enganada de tudo que pensei que pudesse acontecer se ele ganhasse esta eleição. Não quero ter que olhar para alguém próximo de mim e dizer "eu avisei". Quero poder continuar exercendo minha cidadania, a minha profissão e ser quem eu sou sem qualquer tipo de censura.

Eu, como sagitariana legítima, tento sempre tirar algo de positivo de situações que podem ser tão doloridas. Desta vez, o que ficou de bonito deste pleito foi ver em quem eu posso confiar de olhos fechados e braços abertos, que eu vou ter um mar de gente para segurar a minha mão. Estaremos de olho em todos os movimentos do novo governo, assim com estaríamos se o outro candidato tivesse ganhado. Estaremos juntos existindo e resistindo de mãos dadas. Num processo desses, sempre existem pequenas e grandes decepções, mas acredito que eu tenha saído dele mais fortalecida, com um olhar diferente para o outro e tendo a certeza que lutar pelo que eu acredito vale muito a pena. Sim, importou muito mais quem ficou na trincheira comigo, do que quem caiu fora ou ficou em cima do muro.

Espero do fundo do coração que o presidente Bolsonaro seja melhor do que foi o candidato. Espero que monte uma equipe competente e eficiente porque o Brasil não é para iniciantes. Espero que se recupere prontamente para poder estar à frente deste País que precisa de atenção e cuidado, tanto na economia, como no social. Espero poder continuar vivendo a minha vida ao lado dos meus sem termos medo do que encontrar na próxima esquina. Assim como espero que Eduardo Leite faça um belo governo e honre todos os votos que recebeu, assim como os que não recebeu. Que nossos novos líderes governem para todos e reconstruam a confiança que gaúchos e brasileiros deixaram de ter nas instituições e nos políticos.

 

E um último pedido para quem lê estas mal traçadas linhas, não deixem para falar, pensar, debater, estudar política apenas quando tem uma eleição. Procurem as informações em mais de uma fonte confiável para poder tirar suas próprias conclusões. Converse com pessoas com pensamentos diferentes do teu. Só assim se consegue construir um pensamento crítico de verdade.

E nós? Seguiremos. Atentos. Resistiremos. Juntos.

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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