Vik

Por José Antônio Moraes de Oliveira

"Não perca tempo olhando para trás -

não é pra lá que você deve ir."

'O Livro dos Vikings', Ragnar Lothbrook.

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O vilarejo de Vik, com apenas 291 habitantes, é a povoação mais ao sul da Islândia. No ano de 874 AD, suas areias negras receberam as pegadas dos primeiros guerreiros Vikings que pisaram na desolada ilha no meio do Atlântico Norte. Anos mais tarde - ninguém sabe precisar quanto tempo se passou - um de seus descendentes, Ingólfur Arnarson, ergueu a primeira moradia onde hoje se situa a capital Reykjavik.

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Talvez seja por este papel histórico que o vilarejo recebeu o nome de Vik, matriz comum nos idiomas nórdicos, significando baía ou enseada. Que lembra o wik germânico, por sua vez derivado do vicus que os romanos usavam para designar uma cidade. O mesmo Vik acabou sendo usado para identificar os exploradores noruegueses que cruzaram o Atlântico Norte, até a Groenlândia e o Novo Continente. No final do século VIII, em seus longos e afilados barcos, partiram dos fiordes da Noruega para invadir, pilhar e devastar o Norte da Europa e as Ilhas Britânicas. Os historiadores definem este período como a Era Viking, que marcou de forma indelével a Idade Média na Escandinávia.

E mesmo hoje, mais de mil anos depois, encontramos sua permanência nos países do Mar do Norte e do Báltico. As areias basálticas das praias do sul da Islândia já não guardam as pegadas dos noruegueses. No entanto, em pleno centro histórico da capital Reykjavik, o Viajante se defronta com imponentes estruturas que registram a força da herança nórdica.

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A catedral Hallgrímskirkja é o maior templo luterano do país e uma das mais altas estruturas da Escandinávia. Sua torre foi desenhada de forma a lembrar a lava que desce dos vulcões, bem como os grandes glaciares do norte da ilha. Diante da igreja encontra-se outro monumento imponente. É a estátua em bronze de Leif Erikson. Ele era filho de Erik, o Vermelho, o norueguês que fundou os primeiros assentamentos na Groenlândia e Islândia.

O viking Leif Erikson foi o primeiro europeu a pisar em terras do Novo Mundo, 600 anos antes de Cristóvão Colombo. Não por mera coincidência, a grande escultura foi presenteado pelos Estados Unidos à Islândia, em 1930, quando o país celebrou o milésimo aniversário de fundação do Althing, que é considerado o mais antigo parlamento do mundo. Rezam as sagas que as pedras de basalto negro dos alicerces do Alþingishús, a sede do parlamento, tem gravada a antiga expressão islandesa:

"Þetta reddast!"

Ou seja, "Não se preocupem, no final, tudo vai dar certo".

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Autor
José Antônio Moraes de Oliveira é formado em Jornalismo e Filosofia e tem passagens pelo Jornal A Hora, Jornal do Comércio e Correio do Povo. Trocou o Jornalismo pela Publicidade para produzir anúncios na MPM Propaganda para Ipiranga de Petróleo, Lojas Renner, Embratur e American Airlines. Foi também diretor de Comunicação do Grupo Iochpe e cofundador do CENP, que estabeleceu normas-padrão para as agências de Publicidade. Escreveu o livro 'Entre Dois Verões', com crônicas sobre sua infância e adolescência na fazenda dos avós e na Porto Alegre dos velhos tempos. E-mail para contato: [email protected]

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