Ainda sobre a liderança da Rádio Gaúcha

A coluna anterior que escrevi tendo como foco o meio rádio e a liderança disparada da Rádio Gaúcha no segmento de “rádios de programação …

A coluna anterior que escrevi tendo como foco o meio rádio e a liderança disparada da Rádio Gaúcha no segmento de "rádios de programação geral", repercutiu bem. Bem no sentido de ter recebido várias manifestações via Facebook, por telefone e e-mails, pela abordagem do assunto. Como eu previa, há quem concorde com meu enfoque de que só um pool de emissoras, em determinadas ações, pode ser forte o suficiente para enfrentar a poderosa emissora na qual se transformou a Rádio Gaúcha, diga-se de passagem, muito por seus méritos e iniciativas, mas também por uma espécie de letargia que tomo conta dos outros grupos? demoraram a perceber o crescimento avassalador da concorrente e quando se foram ver era (e é) difícil reverter a situação.
Como enfatizei anteriormente, o monopólio (não é o caso), mas uma predominância com tanta diferença não faz bem ao mercado de comunicação, nem aos profissionais e pode também interferir na formação de opinião do ouvinte. Um dos mais sagrados preceitos da comunicação é informar e não fazer valer sua opinião ou influenciar e até direcionar o pensamento da população. Por isso a democracia é salutar e o equilíbrio entre os meios de comunicação tornar o povo mais consciente de que não é apenas a vontade ou a opinião de um que vale.
Dito isto, vamos a uma nova avaliação do caso que sugeri: um pool de emissoras que possam, unidas, ter condições de enfrentar a líder e, desta forma, melhor todo o sistema. Alguns colegas argumentaram que um pool não seria uma ação indicada porque poderia trazer consequências prejudiciais por causa das disputas entre os veículos e muitos de seus profissionais. Claro que existe este risco, mas os gestores precisam ter o bom senso de avaliar os prós e contras. Todo mundo conhece aquela charge (?) dos dois burrinhos no pasto,  não? Se cada um quiser buscar o melhor pasto em lados diferentes ao mesmo tempo, nenhum dos dois vai alcançar e ficará com fome. No entanto, se decidirem caminhar juntos em busca do bom pasto primeiro em um lado, depois no outro, vão matar a fome.
A comparação pode ser até grosseira, mas é a pura verdade. Se as emissoras do segmento geral do rádio continuaram disputando em condições desiguais (sejam técnicas ou de programação e criatividade) com a líder, vão continuar dividindo migalhas e nunca vão matar a fome. Fiz questão de enfatizar que no caso de um pool em algumas ações, cada emissora vai manter seu estilo, apenas vai dividir o espaço e o faturamento com as demais. Eu escrevi que não daria consultoria de graça, mas vou abrir uma exceção e dar apenas um exemplo. Sei que muitos vão achar maluco, fora de propósito e que nenhuma empresa vai aceitar. Mas vamos lá.
No caso dos programas e coberturas esportivas, será que não daria uma boa sacudida se as emissoras que lutam por mais audiência "trocassem" alguns profissionais eventualmente, para participar de algum programa em outra emissora e vice-versa.  Talvez não a ação não seja novidades, pois a Gaúcha e sua co-irmã Atlântida fazem isso com alguns comentaristas. Vou ser mais específico: qual seria a reação de público e mídia se, por exemplo, em um determinado jogo, a Guaíba e a Band ou a Gre-Nal trocassem os comentaristas? ou narradores, que são os principais players de uma jornada?
Claro, essa ação deveria ser precedida de uma boa divulgação nas mídias específicas bem como nas redes sociais. E até mesmo usar um carro de som para divulgar a iniciativa, pelo menos em Porto Alegre. Sei, vão dizer que é loucura, que isso não faz sentido etc e tal. Talvez? talvez seja loucura, mas como ninguém ainda fez fico aqui com a impressão que poderia dar resultado. Não por muito tempo, mas para abocanhar alguns pontos no Ibope. Afinal, ouvi nos últimos dias a Rádio Gaúcha divulgar que no Sala de Redação são registrados 135 mil ouvintes por minuto contra? 16 mil do segundo colocado. E aí, será que não vale a pena tentar alguma ação conjunto, por mais doida que possa parecer? E parodiando o saudoso Sérgio Jockymann deixo o recado: "Pensem nisso enquanto lhe digo até amanhã?"

Autor
Júlio Sortica é jornalista formado pela Ufrgs. Foi repórter do Diário de Notícias, Zero Hora, Folha da Tarde, Jornal do Comércio, Correio do Povo, Revista Consumidor, editor da Plástico Sul, diretor de O Sul e coordenador de Comunicação da Secretaria de Planejamento do Estado do RS. Fez várias coberturas internacionais, editou publicações segmentadas.

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