21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres

Por Márcia Martins

Todos os dias, enquanto a violência contra as mulheres persistir em índices assustadores, são necessários para se debater as ações e políticas públicas urgentes nas três esferas de governo com o objetivo de reduzir tais números. Mas, a campanha dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra nós, mulheres, é de extrema importância porque reúne, no período, uma série de atividades, debates e mobilizações sobre todo o tipo de violência de gênero que ocorre diariamente, tanto no ambiente doméstico como no local de trabalho. E, principalmente, alertar que não devemos calar e que é preciso denunciar.

Pois a campanha (*), no Brasil, se iniciou nesta quarta-feira (20 de novembro), Dia Nacional da Consciência Negra, exatamente para reforçar a necessidade de enfrentamento à múltipla discriminação sofrida pela mulher negra. No resto dos mais de 160 países que participam do movimento, a iniciativa começa em 25 de novembro (16 dias de ativismo), que é o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher. E a campanha se encerra no emblemático 10 de dezembro, data em que ocorreu a proclamação da Declaração dos Direitos Humanos.

A crise da violência de gênero é urgente e precisa ser pauta diária porque mais do que nunca é essencial se colocar um ponto final na violência contra mulheres e meninas. Precisamos que todos entendam que quando uma mulher diz não ela está dizendo não. Sem outra interpretação. É fundante compreender que a roupa usada pela mulher não lhe define e menos ainda concede um atalho para qualquer tipo de violência sexual. Pode parecer clichê, mas vamos lá. Lugar de mulher é onde ela quiser. 

Segundo a ONU Mulheres, a cada 10 minutos, no ano passado, um parceiro íntimo ou um familiar tirou intencionalmente a vida de uma mulher. Quase uma em cada três mulheres sofre violência ao longo da vida. E as meninas correm um risco mais assustador de violência: uma em cada quatro adolescentes é abusada pelos seus parceiros. A ONU Mulheres destaca que para pelo menos 51.100 mulheres em 2023, o ciclo de violência de gênero terminou com um ato brutal: seu assassinato por parceiros e familiares.

Não há desculpa para a violência contra mulheres. E a campanha serve para lembrar que toda discriminação é uma forma de violência e que toda violência de gênero é uma discriminação. Que não deve jamais ser calada ou minimizada. Que a violência contra as mulheres é um atentado à cidadania. Um crime hediondo de gênero. Um ato nojento de intolerância. Uma covardia sem limites. 

(*) O que é a campanha

Em 1991, mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres, iniciaram a campanha com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres. Em 1999, a ONU aprovou 25 de novembro como o Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher. A data foi escolhida para lembrar que no mesmo dia, em 1960, três ativistas políticas, as irmãs Mirabal, conhecidas como Las Mariposas, foram assassinadas a mando do ditador Rafael Trujillo, na República Dominicana. 

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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