50+?

Flavio Paiva

Vamos considerar que conforme dados do IBGE, a silver economy, ou do pessoal de mais de 50 anos, movimenta R$ 1,8 trilhão por ano. Vamos considerar ainda que esse público normalmente está retratado em campanhas de mídia como as dos avós. Mas aí, a Ivete Sangalo fez 50 anos. E aí a Globo disse: "a gente sabe que não parece, mas a nossa Veveta completa 50 anos". Aí que complicou. 

Porque a jornalista Silvia Ruiz se indignou e protestou. Por quê não pareceria? Segundo ela (argumento com o qual concordo) há milhares de mulheres que se cuidam e estão tão bem ou até melhores do que Ivete Sangalo.

Agora ainda eu acrescento: e se "parecesse"? O que seria o parecer? Ter rugas? Cabelos platinados? Cadê o demérito, gente? Pelamor, né? 

Então bombou a hashtag #issoé50, mais voltada para as mulheres. Mas pego aqui uma carona: que desespero é esse? Cansa esse papo, parece coisa de criança. Papo muito fútil e inútil, até porque quem não envelhece é porque já morreu o que, acho eu, as pessoas não querem. E fica essa história toda de procedimentos, cuidados exagerados (vaidade é bom sim, antes que digam que sou contra), uma ansiedade, um tal de esconder idade.

Pois eu nasci no dia 23 de dezembro de 1966. Faz tempo mesmo. Às vezes parece que faz, em outras parece que foi ontem. Tiozão, como dizem. E eu acho graça, porque óbvio que acumular aniversários traz umas coisinhas não tão boas e desejadas, mas traz outras muito legais também.

O que teoricamente seria uma desvantagem, sob a ótica da idade desespero, eu vejo como uma vantagem: vi transformações na cidade, por exemplo. Lugares que eram armazéns, viraram casas, depois prédios, depois operações comerciais, por exemplo. Bairros que mudaram bastante. Bah, que papo de tiozão. Certamente tem alguém aí lendo e pensando isso. Azar. Eu acho tri. Assisti de camarote, aprendi, errei e acertei, vi coisas mudando mas aí entra outra coisa.

O ser humano, na sua essência, pouco mudou. Os conflitos, os dilemas, as ansiedades, o desejo de poder, coisas como essa seguem firmes. Alicerce forte. Já questões tecnológicas, claro que aí mudou um monte. 

Não vou revelar quanto faturou desse R$ 1,8 trilhão que o IBGE divulgou. Mas sei dizer que tô dentro e na boa com ter 55.

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