A busca pela frase perfeita

Por José Antônio Moraes de Oliveira

Em 2021, o suplemento literário do The New Yok Times dedicou uma edição inteira ao 60º aniversário da morte de Ernest Hemingway. Além de ensaios e depoimentos, publicou uma pesquisa com jovens escritores de diversos pontos do país. 

O resultado confirmou que o autor de "O Velho e o Mar", seis décadas após seu desaparecimento, permanece como o autor de ficção mais admirado do século XX e seus romances ainda são referência para os estudantes de literatura.


***

Por alguma razão desconhecida, os editores do NYT ignoraram a icônica entrevista de 1954, que Ernest Hemingway concedeu ao The Paris Review em uma mesa de um café de Madrid. Ele fala  da insegurança e das angústias do escritor e da eterna espera pelo Anjo da Inspiração. Que tanto pode visitar o escritor a qualquer momento ou jamais cruzar seu caminho. E lembrava que um bom romance nasce de 10% de inspiração e de 90% de suor. Instado pelo entrevistador, aconselhou a quem sonha ser escritor:

" À noite, nunca vá para a cama sem saber o que escreverá amanhã".

***

     "Existem lições que não podemos aprender quando jovens.

São coisas muito simples,mas se leva a vida 

inteira para conhecê-las".

 ***

" Escreva bêbado; edite sóbrio".

***

" O que você deve fazer é sentar à uma máquina de escrever e sangrar.

Segundo o editor do The Paris Review, ao final da entrevista, Hemingway sugeriu substituir os conselhos por um único mandamento:

    " Tudo que você tem que fazer é escrever a frase mais verdadeira que você conhece".

***

Muitos escritores famosos - anteriores ou posteriores a Papa Hemingway - também foram em busca da frase verdadeira. O norte-americano William Faulkner, depois de ler "Em Busca do Tempo Perdido" de Marcel Proust escolheu a sua:

"- O passado não existe."

 ***

 Já o enigmático Lewis Carroll, de "Alice no País das Maravilhas", nos legou esta:

"Decifre o passado antes que sejas

transformado por ele."

***

Os leitores que decifraram o "Ulysses", de James Joyce sabem que o grande clássico é permeado de frases com misteriosos significados. Algumas seriam acolhidas por Ernest Hemingway como perfeitas:

 "Caminhamos através de nós mesmos,

ao encontro de ladrões, fantasmas, gigantes,

velhos, jovens, esposas, mães, irmãos, mas

sempre ao encontro de nós mesmos."

***

Autor
José Antônio Moraes de Oliveira é formado em Jornalismo e Filosofia e tem passagens pelo Jornal A Hora, Jornal do Comércio e Correio do Povo. Trocou o Jornalismo pela Publicidade para produzir anúncios na MPM Propaganda para Ipiranga de Petróleo, Lojas Renner, Embratur e American Airlines. Foi também diretor de Comunicação do Grupo Iochpe e cofundador do CENP, que estabeleceu normas-padrão para as agências de Publicidade. Escreveu o livro 'Entre Dois Verões', com crônicas sobre sua infância e adolescência na fazenda dos avós e na Porto Alegre dos velhos tempos. E-mail para contato: [email protected]

Comentários