A maldição de Gabiru

Por Flávio Dutra

A má fase do Inter tem um responsável: Gabiru. A tese é do meu bom amigo Carlos Wagner, colorado, premiadíssimo repórter e escritor, que vem de lançar seu mais novo livro, "A história perdida das benzedeiras gaúchas". O homem conhece as mandingas e trata a situação do seu time do coração como a maldição de Gabiru. Ele identifica no descaso das direções do Inter com o jogador que marcou o gol mais importante da história do clube a causa dos infortúnios vermelhos. No ciclo atual, enumera Wagner, são  cinco  jogos sem vencer no Brasileiro, namoro firme com o Z-4,  um time inteiro no departamento médico e, ainda, a sina de enfrentar o Fluminense pela Copa do Brasil e o poderoso Flamengo no caminho da Libertadores. É a chamada tempestade perfeita ou mais uma manifestação da Maldição de Gabiru.

Incisivo, o meu parceiro de confraria e caroneiro habitual, lembra que depois de conquistar o Mundial em 2006 e a Libertadores de 2010, já sem Gabiru no grupo, o Inter nunca mais conquistou um título importante.  Aliás, completo eu, as duas participações coloradas na competição foram marcadas por personagens dramáticos: o improvável goleador Gabiru contra o Barcelona e, em 2010, o goleiro Kidiaba, do Mazembe, e sua coreografia que virou meme.

- Era o Gabiru e não o Fernandão que merecia uma estátua no Beira-Rio, - esbraveja Wagner, 

Outro companheiro, que assistia à indignação mandingueira, interveio com um gracejo, talvez para acalmar o Wagner, dizendo que o Inter até propôs erigir uma estátua para Gabiru, mas este, depois de ver o resultado da que fizeram para Fernandão, teria renunciado à homenagem. 

Brincadeiras à parte, prefiro debitar as más fases coloradas à incompetência das direções  na formação de times que criam expectativa para a torcida, mas não dão a resposta esperada, investimentos duvidosos em craques superados, desvios de recursos que resultaram até em condenação de dirigentes e como fator externo, mas não menos importante, o calendário  que penaliza os clubes de menor capacidade financeira para ter grandes e qualificados elencos e, assim, fazer frente à maratona de jogos.

Entretanto, vou ficar mais atento às campanhas do Inter e conferir se a tese do Wagner tem um mínimo de fundamento.  É como dizem os castelhanos: "Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay".

A propósito, o que é feito do Gabiru?

Autor
Flávio Dutra, porto-alegrense desde 1950, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com especialização em Jornalismo Empresarial e Comunicação Digital. Em mais de 40 anos de carreira, atuou nos principais jornais e veículos eletrônicos do Rio Grande do Sul e em campanhas políticas. Coordenou coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na área esportiva, da qual participou por mais de 25 anos. Presidiu a Fundação Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), foi secretário de Comunicação do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre, superintendente de Comunicação e Cultura da Assembleia Legislativa do RS e assessor no Senado. Autor dos livros 'Crônicas da Mesa ao Lado', 'A Maldição de Eros e outras histórias', 'Quando eu Fiz 69' e 'Agora Já Posso Revelar', integrou a coletânea 'DezMiolados' e 'Todos Por Um' e foi coautor com Indaiá Dillenburg de 'Dueto - a dois é sempre melhor', de 'Confraria 1523 - uma história de parceria e bom humor' e de 'G.E.Tupi - sonhos de guri e outras histórias de Petrópolis'. E-mail para contato: [email protected]

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