A Pedra

Por José Antônio Moraes de Oliveira

Não é uma pedra qualquer. E não será fácil para um não-inglês entender seu significado e simbolismo. A chamada Pedra do Destino ou Pedra da Coroação é um dos artefatos mais antigos, tradicionais e preciosos da família real britânica. Seu outro nome é Pedra de Scone, e esteve presente na coroação de reis e rainhas por mais de 700 anos.

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Na Escócia existe uma lenda recorrente que diz que a Pedra já aparece no Livro do Gênesis e que foi usada pelo profeta Jacob para repousar a cabeça quando teve a visão da escada que o levaria para o céu. Por volta do ano 500 depois de Cristo, saiu da Síria para o Egito e, séculos depois, foi encontrada onde fica a atual Irlanda. Em outros relatos, teria sido parte da muralha do templo de Salomão, destruído por Nabucodonosor no cerco de Jerusalém.  

Além das lendas, a história registra que no ano de 1296, a Pedra de Scone foi apreendida pelo rei Eduardo I, que a instalou no trono da Abadia de Westminster. Desde então, passou a integrar os ritos cerimoniais da família real inglesa. Até que, em 1950, no dia de Natal, um grupo de estudantes escoceses consegue roubar a pedra de 152 quilos. Desaparecida por meses, foi encontrada no altar-mor da Abadia de Arbroath, na Escócia e enviada a Londres, a tempo de fazer parte na coroação de Elizabeth II, em 1952. Que a seguir autorizou sua devolução, com a condição de apenas deixar a Escócia para participar das futuras coroações. Atualmente, a pedra se encontra no Castelo de Edinburgh e é chamada pelos escoceses de Travesseiro de Jacob.

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Até o momento, não se conhece a data da cerimônia de coroação do rei Charles III, prevista para acontecer ainda em 2023. Mas com certeza, a fabulosa pedra estará presente, como esteve na coroação de Elizabeth II, de seu pai, Jorge VI, de seu avô Jorge V e de tantos outros reis e rainhas na história da Inglaterra e Escócia.

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Autor
José Antônio Moraes de Oliveira é formado em Jornalismo e Filosofia e tem passagens pelo Jornal A Hora, Jornal do Comércio e Correio do Povo. Trocou o Jornalismo pela Publicidade para produzir anúncios na MPM Propaganda para Ipiranga de Petróleo, Lojas Renner, Embratur e American Airlines. Foi também diretor de Comunicação do Grupo Iochpe e cofundador do CENP, que estabeleceu normas-padrão para as agências de Publicidade. Escreveu o livro 'Entre Dois Verões', com crônicas sobre sua infância e adolescência na fazenda dos avós e na Porto Alegre dos velhos tempos. E-mail para contato: [email protected]

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