Aconteceu em Heildelberg

Por Marino Boeira

Durante alguns poucos anos, na década de 90, eu e a Rosane, trabalhávamos durante o ano como professores na PUCRS, para gastar o que ganhávamos, durante as férias no inverno europeu.
Quase sempre comprávamos previamente um passa ferroviário aqui no Brasil o que permitia viajar a vontade pela Europa inteira em vagões de primeira classe.
Não sei se o serviço ainda existe e se, com a concorrência das empresas aéreas de baixo custo, não se tornou anti-econômico.
Na época, com trens a toda hora, cobrindo praticamente todas as cidades, principalmente da Alemanha e França, facilitava em muito a vida dos turistas.
Você podia ir de Paris pra Colônia e descer em Amsterdam pra almoçar.
Foram essas facilidades que colocaram  Heildelberg no nosso caminho. Íamos para Koblenz e resolvemos fazer um pit stop em Heidelberg.
Mais que uma simples parada. Decidimos passar uma noite por lá.
São 3 horas e meia de trem de Paris até Mannhein, uma cidade grande pelos padrões europeus - mais de 300 mil habitantes - e depois mais 15 minutos até Heildelberg.
A atração de Heildeberg, além dos encantos de uma pequena  cidade alemã, é sua universidade, a mais antiga da Alemanha, fundada em  1386, mais de 100 anos antes da descoberta do Brasil.
Chegamos lá à noite e o serviço de auxílio aos turistas estava fechado, mas havia um telefone com endereços de hotéis que você podia ligar diretamente.
Como fazer isso numa língua em que no máximo você só sabe diferenciar um "sim" (já) de um não (nein)?
 Havia um hotel, porém, com um nome francês - Hotel Madame Michele. Liguei e me atendeu uma mulher que falava sim francês (oui)
Fazendo um esforço para me lembrar do que sobrara das minhas aulas de francês no Julinho, falei " Avez vous une chambre disponible por um couple"
Oui, ela tinha sim.
Com o endereço na mão, apanhamos um táxi e fomos para o hotel onde Madame Michele, ou alguém em seu nome, estava nos esperando para pagar o táxi com marcos alemães,  porque só tínhamos francos franceses e nos cobrar depois na diária do hotel.
O hotel era ótimo, o preço razoável e Heildelberg se revelou uma cidade encantadora nas poucos mais de 24 horas que passamos por lá. 

 

Autor
Formado em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), foi jornalista nos veículos Última Hora, Revista Manchete, Jornal do Comércio e TV Piratini. Como publicitário, atuou nas agências Standard, Marca, Módulo, MPM e Símbolo. Acumula ainda experiência como professor universitário na área de Comunicação na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e na Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos). É autor dos livros 'Raul', 'Crime na Madrugada', 'De Quatro', 'Tudo que Você NÃO Deve Fazer para Ganhar Dinheiro na Propaganda', 'Tudo Começou em 1964', 'Brizola e Eu' e 'Aconteceu em...', que traz crônicas de viagens, publicadas originalmente em Coletiva.net. E-mail para contato: [email protected]

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