Adianta ter Arena sem bom futebol?
Por Rafael Cechin

Num ano de pouco futebol em campo, uma notícia de fora dos gramados é a maior do futebol gaúcho até agora em 2025: a compra da Arena, com doação para o Grêmio torna-se com certeza um marco para os tricolores, consequentemente, para a eterna gangorra Gre-Nal. Quais são os efeitos reais desse movimento? Eu confesso que ainda sou cético.
Se prestar atenção nos balancetes financeiros de cada clube ao final de cada temporada, você vai perceber que os custos do Beira-Rio atrapalham o Inter, trazendo poucas vantagens em dinheiro. O contrato com a BRIO é vantajoso para os colorados, no entanto deixa com o parceiro os ganhos comerciais com publicidades, serviços de alimentação e estacionamento.
De acordo com a manifestação da direção do Grêmio e do empresário-futuro presidente, Marcelo Marques, o lado azul terá muito mais chance de realmente faturar com a Arena, o que é ótima notícia. A questão é que, orgulho resgatado do torcedor à parte, o negócio anunciado nos últimos dias não elimina a principal dor de cabeça dos torcedores, que é o desempenho e os resultados em campo.
Me assusta, inclusive, que a ausência do bom futebol talvez seja mascarada pela aquisição do estádio. Não adianta ter uma propriedade que será utilizada na segunda divisão, sem Libertadores ou Sul-Americana, com jogos ruins para serem disputados. Infelizmente, é para lutar contra o Z-4 que o Grêmio caminha até dezembro.
A retomada da dupla Gre-Nal depois da Copa de clubes é de apavorar. Nada evoluiu em um mês. O Inter segue lento quando tem a bola, facilitando demais a marcação dos adversários. O ataque é alvo fácil de qualquer defesa. Nas análises tentam individualizar em jogadores como Thiago Maia, Bruno Henrique, Alan Patrick. Mas o problema de verdade é a mecânica de jogo, o que é responsabilidade clara do treinador.
O Roger parou de achar soluções para que o time seja mais rápido. Diante do Vitória no recomeço do Brasileirão essa fraqueza apareceu e só em função da fragilidade da outra equipe a insistência resultou num gol nos acréscimos do segundo tempo. Está devendo muito. Pelo menos saiu da zona de rebaixamento e pode embalar com uma sequência que já tem o Ceará em casa no próximo domingo.
Essa gangorra tá equilibrada por baixo. O Grêmio parece até que se atrasou, em vez de evoluir. A defesa diante do Cruzeiro foi vazada quatro vezes porque o esquema não protegeu. E aí os zagueiros ou estavam fora de posição, caso do Wagner Leonardo que tá atuando deslocado pra direita que não é a dele, ou nem deveriam mais estar atuando mesmo respeitando a sua história, que é o Kannemann.
O goleiro é fraco, os laterais inexistem, o meio e o ataque não se encontram. Tudo errado. A boa notícia que alivia um pouco é o Alysson, mas é só. O tricolor tem Sul-Americana antes e depois pega o Vasco fora pelo Brasileirão. Vamos ver se apresenta algo diferente. Até agora, está ruim de ver o Grêmio. O Inter também não escapa. Pobres das nossas duas grandes torcidas.