Ano para deprimir as torcidas

Por Rafael Cechin

Se você é torcedor de Grêmio ou Inter e está com problemas em casa ou no trabalho, não aconselho ler essa coluna. Faça outra coisa, porque aqui você vai ficar deprimido. A cada semana temos menos dúvidas de que 2025 está sendo (mais um) ano dolorido para a dupla Gre-Nal. Quer ver ficar pior? O prejuízo financeiro e o encolhimento das torcidas com as frequentes eliminações deve aumentar o buraco que já existe entre nossos times e os do centro do país. Estamos virando pequenos no cenário do futebol.

Último capítulo da saga de decepções gaúchas na temporada, a derrota no placar agregado do Inter para o Fluminense na Copa do Brasil fez os colorados deixarem de faturar perto de 5 milhões de reais pelo prêmio de avançar às quartas-de-final. Contabilizando o que não foi para os necessitados cofres na fase de grupos da Libertadores, onde as vitórias valem cerca de 1,5 milhão, o clube perdeu pelo menos 7 a 8 milhões de reais.

A partir da próxima semana pode vir a recuperação se passar para as quartas da Libertadores, o que vale de imediato 10 milhões de reais, à medida que ir adiante soma mais 13 a 136 milhões. Pode ser a salvação? Sim. A questão é que, ao ser eliminado na Copa do Brasil, o Inter não trilha mais um caminho que levaria a um prêmio de até 90 milhões de reais caso fosse o campeão. A lamentar que alguém vai ficar com essa grana.

É ótimo lembrar que estamos em um ano pós-enchentes, quando a dupla Gre-Nal teve perdas consideráveis, e que a Copa do Mundo de Clubes injetou pompudas premiações em dólar para quatro clubes já poderosos. Fluminense, Flamengo, Botafogo e Palmeiras botaram em seus bolsos de 200 a mais de 400 milhões de reais. Conseguiram muita vantagem sobre os demais.

O Grêmio, que agora só tem o Brasileirão pela frente até dezembro, não faturou mais de 8 milhões de reais ao ser eliminado precocemente da Copa do Brasil e Copa Sul-Americana. Isso sem falar do que viria nas fases mais adiantadas, com potencial de até 45 milhões só na competição continental. No campeonato nacional, ambos também não vão bem e hoje engordaram muito pouco as suas contas bancárias com as colocações onde estão.

A diferença financeira só aumenta. Não conseguimos grana para investir nos times, nas categorias de base, não vendemos atletas por um preço muito alto, entramos fracos em qualquer negociação de jogadores. Um círculo de perdas para os times daqui. Piora? Claro que sim. Pesquisas recentes mostram que a representatividade das torcidas da dupla Gre-Nal tá diminuindo ano a ano.

Para quem é do marketing e da comunicação como a gente, sabe. Quantos menos público, menor o potencial de rendimento. Os erros que levam às derrotas muito frequentes das equipes em campo, fora dele faz com que percam patrocínios, ganhos com ingressos nos jogos, valorização das marcas, etc. Vou parar por aqui. É muita notícia ruim.

Autor
Jornalista graduado e pós-graduado em gestão estratégica de negócios. Atua há mais de 25 anos no mercado de comunicação, com passagem por duas décadas pelo Grupo RBS, onde ocupou diversas funções na reportagem, produção e apresentação, se tornando gestor de processos e pessoas. Comandou o esporte de GZH, Rádio Gaúcha, ZH e Diário Gaúcho até 2020, quando passou a se dedicar à própria empresa de consultoria. Ocupou também, do início de 2022 ao final de 2023, o cargo de Diretor Executivo de Comunicação no Sport Club Internacional. Atualmente mantém a própria empresa, na qual desde 2021 é sócio da Coletiva,rádio, e é Gerente de jornalismo e esporte da Rádio Guaíba.

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