Aqueles debates

Por Flávio Paiva

Sabe aqueles debates acalorados que ocorrem? Os mais quentes mesmo, de elevar o tom de voz, de se alterar? Tirando o exagero que possam conter, ou seja, que o se alterar não seja extremo, eles são os melhores.

Por quê? Porque daí, do debate de ideias, nascem soluções criativas e muitas inexistentes, inovadoras, totalmente transformadoras de um produto, de um bairro, cidade, país e mundo. Claro que depende do que estamos falando. As soluções podem sim ser pequenas, do ponto de vista de escala do que atinge. Ou bem mais abrangentes. Tipo Iphone, Internet e para não ficar só em tecnologias mais modernas, a máquina a vapor ou mesmo tendências de comportamento (essa que vou citar teve também de valores) como o movimento Hippie, década de 60/70.

Hoje eu li uma pequena entrevista com Eduardo Gaspar, VP de Criação da Endemol Shine Brasil (produtora responsável por um dos mais importantes realities ao redor do mundo), a respeito de Big Brother, que vai em janeiro para a sua 22ª. Temporada.

Nela, ele fala de várias coisas, mas uma delas o quanto desde a primeira edição do Big Brother até hoje houve uma radical transformação na arena de debates (não na arena da casa, onde ficam os Brothers), mas nas das discussões e debates entre as pessoas, espectadores.

Ele cita por exemplo que inicialmente BBB era assistido somente na TV. Hoje, ele acontece nas mais diferentes mídias. E igualmente o espaço de debate dos espectadores passou de não apenas almoços ou noites para redes sociais, que geram hoje às pessoas um sentimento de pertencimento necessário a elas em um mundo tão líquido e volátil. 

Só isso já seria uma mudança gigante. Mas o impacto das redes sociais foi muito além do que no BBB. As pessoas precisam angustiadamente até dialogar via redes. Mostrar o que estão fazendo, opinar sobre o que está sendo feito e mostrado. Se esse sentimento de pertencimento no caso de redes sociais é adequado ou não, isso daria uma longa discussão. Mas o fato é que sim. Fenômeno parecido com o que ocorre com torcedores de um clube, membros de uma organização como a Maçonaria, Escoteiros, etc.

O debate a priori sempre é bom. Porque em princípio gera desacomodação, pensamento, reflexão, confronto de ideias. Mas desde que ele seja isso: debate de ideias. Se for restrito a debater pessoas, ele cai bastante em termos de alcance, eu diria até de dignidade. 

No caso de um debate de ideias, quanto mais acalorado melhor e também quanto mais flexíveis, abertas, porosas as pessoas que nele estão forem, melhor. Para que se deparam e abram espaço para coisas novas, caso entendam que fazem sentido. Que se exponham, que entrem em uma zona de desconforto quase permanente. Porque afinal, é isso que faz a diferença na evolução das pessoas.

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