As constantes dores da cultura na pandemia

Por Anelise Zanoni

A pandemia tem sido dura em todos os setores que movimentam nossas vidas. Porém, se tivesse que indicar uma área que sofre constantemente, eu diria que é a cultura.

A notícia esta semana da morte de dois grandes atores, Paulo José e Tarcísio Meira, me fez pensar muito nisso. A covid-19 já levou grandes nomes que nos alegravam nas telas, nos teatros e cinemas. Acabou também com a vida de quem atuava nos bastidores, por trás de câmeras e cortinas. E acabou com nossa diversão nos shows, teatros, festas, museus.

Vivemos um momento difícil para a cultura. Os recursos nunca foram grandes e agora estão minguando. Cansamos de tanta live pelo computador e pela tela do celular e queremos a vibração do mundo ao vivo, do público e do calor humano. 

Os eventos, por quase dois anos, foram massacrados - por razões óbvias. E agora terão a chance da retomada. Mas será que haverá recursos para os eventos e protocolos bem executados? Será que teremos condições de pagar pelos atrativos culturais?

Esses dias estive no cinema e me bateu uma grande nostalgia. Deu saudade das salas lotadas, daquelas sessões em que a gente precisava comprar ingresso com antecedência. Mas naquele dia contei apenas seis pessoas na sala.

Durante as vezes que passei em frente ao cinema e o vi fechado, cheguei a temer seu encerramento para sempre. Ainda bem que resistiu.

Embora o cenário atual seja o mais otimista dos últimos meses, a cultura terá um longo caminho pela frente para se restabelecer. Serão necessárias políticas públicas para a retomada, o olhar atento da iniciativa privada e um intenso trabalho de divulgação.

Por mais que as pessoas estejam ansiosas pelo retorno da vida cultural, o impacto sobre a cultura é tão grande que será preciso se reinventar e criar alternativas além do mundo virtual das lives.  E esse será o grande desafio: continuar fazendo trabalhos criativos, com pouco recursos e com a ameaça da covid. 

Eu acredito na arte e na cultura, então vou ficar aqui aguardando os próximos passos. E ansiosa para comprar meu primeiro ingresso para um show ao vivo ou para uma grande peça de teatro de sucesso!

Autor
[email protected] Mestre e doutora em Comunicação Social, a jornalista é CEO da Way Content Agência da Comunicação, especializada em turismo, gastronomia e estilo de vida, e fundadora do projeto Travelterapia, que divulga destinos, experiências e cria projetos de branded content. Em 2019 foi finalista da categoria Imprensa do Prêmio Nacional de Turismo, promovido pelo Ministério do Turismo. Tem experiência como repórter e editora, e é freelancer de publicações como Viagem Estadão e Veja Comer & Beber. Trabalhou 12 anos na redação do jornal Zero Hora e produziu conteúdos para veículos como Sunday Independent, Hola!, Contigo!, Playboy, Veja, Globo.com e Terra. Também atuou por 10 anos como professora de universidades como Unisinos e ESPM, passando pelos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Produção Fonográfica. Atualmente pesquisa o papel da imprensa no desenvolvimento do turismo e já estudou em países como Irlanda, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.

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