Cadê o jornalismo isento?
Por Grazi Araujo
Com certeza você conhece alguém - ou foi um dos que já está consumindo menos noticiários, buscando mais por manchetes positivas e informações que agreguem algo de bom ou útil para a vida. A falta de imparcialidade na comunicação fez com que ocorresse uma debandada de leitores, ouvintes e espectadores. É com dor no peito que admito não assistir mais os tradicionais telejornais que cresci acompanhando desde a vinheta do início ao "coro" do boa noite que tínhamos em casa, com os apresentadores. Tá ficando cada vez mais difícil encontrar Jornalismo de credibilidade.
Uma recente pesquisa realizada pela Reuters Institute em três países, um deles o Brasil, destacou que o consumo por notícias mais densas muitas vezes acaba ficando de lado para proteger a saúde mental. Eles elencaram três padrões de consumo de conteúdo noticiário: 1) consome notícias para se divertir e se atualizar; 2) quer acompanhar o que está acontecendo; 3) quer saber das notícias mais relevantes. "A imparcialidade de veículos tradicionais irrita a galera da geração Z que, por conta disso, o consumo acaba sendo quase que 100% em ambientes abertos, como as redes sociais, onde conseguem compor um mosaico de opiniões", destacaram.
Estamos perdendo moral. Jornalismo não pode ter lado, a gente aprende nas primeiras disciplinas do curso. Falamos de informação, não de opinião. Como faremos para conseguir explicar às novas gerações o valor e a seriedade do bom Jornalismo? Como incentivar nossos filhos a serem cidadãos bem informados e atualizados se as chamadas estão cada vez mais sensacionalistas e caça-cliques? Em tempos de eleições - e nessa polarização que vivemos - onde encontrar isenção? Questões comerciais e/ou pessoais devem sempre estar do lado oposto da maior missão da Comunicação. Mais do que simplesmente informar, o jornalista tem o desafio de formar e conscientizar os cidadãos sobre a realidade.