Coopítulo 96 - Com o termômetro do campo

Por Vieira da Cunha

Uma das mais importantes publicações da Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre foi a revista mensal Agricultura & Cooperativismo, editada para a Fecotrigo - Federação das Cooperativas Agrícolas do RS, então a mais importante entidade do gênero no sul do país. Liderada pelo Osmar Trindade, tinha uma redação segmentada com cerca de 10 profissionais, entre repórteres e fotógrafos dedicados quase exclusivamente a sua produção. 

Era um trabalho criterioso que deixava satisfeitos tanto os leitores quanto os que produziam a publicação e a entidade que a bancava. A competência foi reconhecida em premiações jornalísticas e seus feitos eram devidamente registrados pelo Coojornal ainda em sua fase de boletim, como a matéria "Nova linguagem para o campo", publicada em junho de 1976.

Para facilitar a aproximação com os agricultores, o repórter André Pereira cortou o cabelo que lhe caía pelos ombros. O editor Osmar Trindade se preocupava em analisar o vocabulário do homem do interior na busca da linguagem mais adequada para falar clara e corretamente aos seus leitores. E o editor executivo Airton Kanitz dedicava sua atenção tanto para as técnicas agrícolas quanto para os hábitos das comunidades rurais

O desafio da equipe estava centrado em gerar uma revista que fosse facilmente entendida pelo agricultor e refletisse o meio em que ele vivia. Daí a preocupação especial com a qualidade do texto, simples e direto para facilitar a compreensão e captar a atenção do leitor do meio rural. Este era seu diferencial em relação a outras publicações direcionadas para a agricultura: talvez tenha sido a primeira voltada para o pequeno agricultor e não aos grandes nem às empresas do agronegócio.

A&C, tratamento interno e carinhoso, deu uma grande contribuição ao nosso esforço de profissionalizar a área de prestação de serviços da Coojornal. Contribuía para ampliar o mercado profissional e para estimular a permanente inquietação que nos levava a buscar sempre um patamar de altíssima qualidade em todos os trabalhos que se realizava.

Foi uma publicação importante também porque representava uma indispensável participação na receita da cooperativa. Já reconheci em outro momento, vale repisar aqui: A&C só fora possível graças à influência decisiva e entusiástica do saudoso Luiz Francisco Terra Júnior, que dirigia a comunicação da Fecotrigo. Terrinha era exigente como poucos, mas sabia identificar e reconhecer um trabalho bem feito. Tanto que não hesitou em entregar à cooperativa também a produção do boletim técnico Trigo & Soja e um Anuário do Cooperativismo.

Autor
José Antonio Vieira da Cunha atuou e dirigiu os principais veículos de Comunicação do Estado, da extinta Folha da Manhã à Coletiva Comunicação e à agência Moove. Entre eles estão a RBS TV, o Coojornal e sua Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, da qual foi um dos fundadores e seu primeiro presidente, o Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, a Revista Amanhã e o Correio do Povo, onde foi editor e secretário de Redação. Ainda tem duas passagens importantes na área pública: foi secretário de Comunicação do governo do Estado (1987 a 1989) e presidente da TVE (1995 a 1999). Casado há 50 anos com Eliete Vieira da Cunha, é pai de Rodrigo e Bruno e tem cinco netos. E-mail para contato: [email protected]

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