Doces relembranças

Por José Antonio Vieira da Cunha

Um misto de alegria, contentamento e nostalgia povoou as horas que passei na terra natal semana passada. Fui participar das comemorações pela criação da Amicus, a Associação Cachoeirense de Amigos da Cultura, que em 6 de dezembro de 1983 ajudei a fundar e da qual fui seu primeiro presidente. O impacto positivo inicial foi verificar como uma entidade concebida para auxiliar e apoiar iniciativas culturais tenha sobrevivido tanto tempo, e com uma pujança invejável que faz dela um ponto de referência essencial. De um começo incipiente, que envolveu a criação de uma feira do livro, inicialmente modesta com suas quatro barracas, a Amicus tornou-se indispensável na acolhida de todos os principais movimentos culturais em Cachoeira do Sul.

A feira do livro viria a ser a primeira realização pública, digamos assim, mas internamente a Amicus iniciou já com atribuições práticas e exigentes, como a manutenção do Atelier Livre Municipal, no qual artistas cachoeirenses tinham e têm um precioso espaço para desenvolver seus talentos. Tornou-se uma adulta bastante responsável e hoje responde por Feira do Livro, Vigília da Canção, Carnaval, restaurações e preservações de prédios históricos. Eis a linda realidade atual: não há evento cultural que não receba sua atenção sempre generosa.

A comemoração das quatro décadas de trabalho teve inauguração de galeria de fotos dos ex-presidentes, homenagem prestigiada na Câmara de Vereadores e um jantar de confraternização. Discursei no primeiro evento e nele fiz questão mais uma vez de destacar o papel marcante e decisivo de um personagem fundamental nesta história, a professora Marisa Timm Sari. Como secretária de Educação do município na época, foi quem concebeu com sua equipe os fundamentos de uma entidade que congregasse pessoas com um interesse comum, o de ajudar a preservar e disseminar a cultura em nosso meio. Apresentado à comunidade cachoeirense, o projeto foi logo abraçado e deu os frutos que surpreendem até mesmo seus idealizadores.

Merecem aplausos as pessoas abnegadas que ajudaram a fortalecer esta iniciativa vencedora: Antônio Trevisan, Carlos Eduardo Florence, Eliana Schuch, Ione Carlos, Júlio César Caspani, Lúcia Homrich, Luís Fernando Chulipa Möller, Paulo Valentim, Ronaldo Tonet e o saudoso Osni Schroeder. São ex-presidentes que contribuíram para ativar esta chama que hoje é mantida pela incansável presidente Darielly de Barros Gonçalves.  

Tanto é relevante para a cultura de Cachoeira do Sul que agora mesmo, semana passada, a Amicus foi homenageada como Entidade do Ano, a partir de uma eleição comunitária liderada pelo Jornal do Povo local. Por tudo, não desejei mais 40 anos para a Amicus, mas expressei os votos de que seja eterna enquanto houver lucidez e sabedoria entre nós, humanos.

Autor
José Antonio Vieira da Cunha atuou e dirigiu os principais veículos de Comunicação do Estado, da extinta Folha da Manhã à Coletiva Comunicação e à agência Moove. Entre eles estão a RBS TV, o Coojornal e sua Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, da qual foi um dos fundadores e seu primeiro presidente, o Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, a Revista Amanhã e o Correio do Povo, onde foi editor e secretário de Redação. Ainda tem duas passagens importantes na área pública: foi secretário de Comunicação do governo do Estado (1987 a 1989) e presidente da TVE (1995 a 1999). Casado há 50 anos com Eliete Vieira da Cunha, é pai de Rodrigo e Bruno e tem quatro netos. E-mail para contato: [email protected]

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