Economia da Confiança

Por Cris De Luca

Durante a última semana, conversei bastante sobre os novos formatos de negócio e como a nossa economia tem se transformado, principalmente, com o aumento do acesso à internet e proximidade com as redes sociais digitais. Muitos especialistas falam que estamos na era da economia da atenção, mas lendo alguns conceitos por aí, acredito mais que estamos passando pela fase da economia da confiança (ou da desconfiança, como disse um aluno outro dia).

Pare para pensar como tu escolhes qualquer coisa hoje, um produto, um serviço, como pede uma recomendação de um médico ou de um restaurante. Se é algo mais pessoal, a gente vai para os grupos de Whatsapp de amigos, se for algo mais genérico joga no Google ou nas outras redes sociais e vai ler recomendações, avaliações e por aí vai. Ninguém faz mais nada sem perguntar a opinião de uma outra pessoa, mesmo que a gente não conheça ela.

Segundo dados do  Edelman Trust Barometer 2019 - Brasil, uma pesquisa anual de confiança e de credibilidade realizada há 19 anos pela a agência de comunicação global mesmo nome, mostra que a credibilidade da pessoa comum cresceu 4 pontos, atingindo 74%, e segue na liderança entre os brasileiros. Logo em seguida, vem o especialista técnico de uma empresa (67%), com 3 pontos a mais do que no ano passado.

Parte dessa confiança nos outros tem muito a ver com o ambiente competitivo no qual estamos inseridos. A própria forma de consumo mais colaborativa e de compartilhamento fizeram surgir empresas baseadas na confiança. Airbnb, Uber e até mesmo aplicativos de relacionamento. É só pensar que tempo atrás a gente nunca pegaria carona com um desconhecido e hoje a gente paga por ela. E, é claro, que a tecnologia ajudou com isso.

O fato de estarmos altamente conectados, de poder avisar onde a gente está, compartilhar com amigos e a família o caminho que está fazendo. Estamos construindo comportamento e relacionamentos aos olhos de todos, mesmo que alguns não estejam nas nossas bolhas. O ambiente de negócio está cada vez mais complexo, fragmentado e acelerado e, cada vez mais estamos preocupados com o que as empresas estão fazendo e como elas estão defendendo suas causas e se as causas são reais ou apenas de oportunidade. Estamos em rede e conversamos o tempo todo uns com os outros.

E, se por um lado, isso pode ser superpositivo, por outro também traz alguns problemas. Se confiamos mais na opinião e avaliação dos outros também tendemos a verificar menos as informações e acreditar no que estão nos dizendo. A disseminação de fake news está cada vez maior, o que também interfere na economia da confiança. Como podemos nos proteger disso tudo sem deixar de lado a vida online? Acredito que conferir com outras fontes sempre, ouvir mais de uma opinião, ler avaliações contrárias e tirar as próprias conclusões pode ser um caminho. Basicamente, fazer jornalismo. <3

 

Autor
Jornalista, formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, especialista em Marketing e mestre em Comunicação - e futura relações-públicas. Possui experiência em assessoria de imprensa, comunicação corporativa, produção de conteúdo e relacionamento. Apaixonada por Marketing de Influência, também integra a diretoria da ABRP RS/SC e é professora visitante na Unisinos e no Senac RS.

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