Empatia na busca por manchetes

Por Grazi Araujo

Já diz o ditado que a primeira impressão é a que fica. Concordo, mas gostaria de complementar dizendo que podemos aprimorar, lapidar e mudar, caso não tenha sido tão legal assim. Me refiro, neste texto, ao primeiro contato com a imprensa. Dia desses tive um papo com um empreendedor que se referiu a um colega jornalista - que atua como repórter - como muito invasivo e insistente ao pedir um posicionamento. Ele confessou que só atendeu o telefone porque a pessoa ligou de um outro número. E se entristeceu ao ler a matéria na imprensa e a forma como foi dado o tom da conversa. Não era o momento de falar, por estratégia, respeito e indefinição.

"Eu disse que não tinha nada a declarar naquele momento. Insisti que assim que tivesse algo novo e interessante, eu o procuraria. Uma declaração errada minha e muita coisa poderia ser mal interpretada pelas partes envolvidas. Mas ele (o repórter) não entendeu meu lado e publicou mesmo assim". A partir disso, ele contratou uma assessoria de imprensa. Sábia decisão! Ele contratou alguém para "não falar".

Forçar a barra assim eu acho demasiado. Tudo se constrói com diálogo. A imprensa não é vilã, mas quando não chega como deve chegar, é a impressão que fica. A desconstrução do papel de informar começa por situações assim. A caça de cliques se sobrepõe ao bom senso, a fama do exclusivo não compensa. Porque quando é bem alinhado, bem conversado e exposto, tudo fica mais claro, mais verdadeiro. Há diferentes interesses em jogo, mas não há razão para noticiar por noticiar. Repórteres: tenham mais jogo de cintura, mais empatia. Entrar com o pé na porta não dá certo quase nunca. A relação de confiança entre as partes se dá, muitas vezes, no off. Acredito que a solução poderia começar por aí e não com um goela abaixo. Todos se traumatizam, a imagem da imprensa não fica como ela realmente é e cria-se um bloqueio de quem seria uma boa fonte para tantas outras boas pautas. 

Autor
Grazielle Corrêa de Araujo é formada em Jornalismo, pela Unisinos, tem MBA em Comunicação Eleitoral e Marketing Político, na Estácio de Sá, pós-graduação em Marketing de Serviços, pela ESPM, e MBA em Propaganda, Marketing e Comunicação Integrada, pela Cândido Mendes. Atualmente orienta a comunicação da bancada municipal do Novo na Câmara dos Vereadores, assessorando os vereadores Felipe Camozzato e Mari Pimentel, além de atuar na redação da Casa. Também responde pela Comunicação Social da Sociedade de Cardiologia do RS (Socergs) e da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Nos últimos dois anos, esteve à frente da Comunicação Social na Casa Civil do Rio Grande do Sul. Tem o site www.graziaraujo.com

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