Dizem e com certa razão que é preciso separar a vida pessoal do trabalho.
Criar limites. Estabelecer fronteiras. Não levar os problemas de casa pra reunião, nem os do escritório pra mesa de jantar.

Na teoria, tudo isso faz sentido. Na prática? bem, na prática tem uma coisa bem mais complicada: pessoas.

E gente, a gente sabe, não é feita de compartimentos.
Gente tem riso, tem saudade, tem dias bons, dias difíceis, dias que mal começam e já pedem pra terminar.
Gente tem sonho e tem cansaço. Tem café frio e coração quente.

É difícil não se afetar.
Difícil não criar laços, mesmo que sejam laços breves, tênues, ou de convivência protocolar.
Difícil não se envolver com aquela colega que ri alto demais, mas que te lembra sua irmã. Ou com aquele aluno que te desafia, mas que, no fundo, só quer ser visto.

Às vezes, a conexão vem fácil. Outras vezes, é quase impossível. Mas até aí mora valor: Quando nos deparamos com o que não nos conecta, também entendemos mais de quem somos.

Reconhecer os limites da empatia também é uma forma de se conhecer.

Então sim, que tenhamos nossos espaços.
Que saibamos o que é do trabalho e o que é do descanso.

Mas que não percamos de vista que, por trás dos cargos, das tarefas, dos cronogramas e metas,
tem sempre gente.

E alguns encontros, ainda que breves, podem mudar o curso de muita coisa.

Com amor, Vida.