Estava escrito

Por José Antônio Moraes de Oliveira

 
 
 

"Há mais coisas entre o céu e a terra... ".

Wiliam Shakespeare.

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Poucos entre nós tem a coragem necessária para encarar seus medos ocultos e futuros. Eu mesmo demorei até reconhecer o que mais me assustava. Uns companheiros tinham mais coragem e até brincavam com seus traumas - um deles não conseguia dormir no escuro. Outro tinha ojeriza a gatos e gelava quando ouvia um cachorro rosnar sem latir. Acreditava que era o aviso que algo ruim estava por lhe acontecer. 

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Quando era um guri, era uma festa admirar os navios atracados no cais do porto. Mas ficava muito inquieto quando ouvia o marulhar das águas escuras correndo para o mar. E apertava a mão do pai quando ele contava de novo do estivador Malaquias que uma vez despencou de um guindaste e se afogou no fundo do rio. 

Meu medo de se afogar começou em um domingo de sol. Eu nadava na piscina do clube, quando alguém pulou do trampolim, me jogando para o lado mais fundo da piscina. O susto passou, o medo, não. 

O episódio ficou enterrado por anos, até que foram ler minha mão e meu futuro estava lá. Meu pai não gostava das ciganas que batiam nas casas da rua, pedindo para ler a buena dicha. Também não acreditava nas videntes que diziam ver o futuro. Mas a mãe pensava diferente, afirmando que conhecia pessoas que tinham visões difíceis de

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