Gênesis

Por Flavio Paiva

Não vou falar do livro do Antigo Testamento. O significado, a semântica da palavra sim, a origem, a criação. Este é um dos fenômenos mais impressionantes dos seres humanos. Sejam criações de invenções, de novas maneiras de fazer algo, de textos, de músicas e especialmente, de cenários. Como criar um novo cenário diante de uma situação nova que se estabelece?

Então, a criação e a criatividade são ao menos para mim, uma área mágica. Não que necessariamente eu me define como um criativo (falando agora mais no sentido publicitário do termo), mas sim que é uma zona encantada. Qual a "faísca" que se dá, a explosão no cérebro, quando nos damos conta de um fato, de uma nova ideia, quando associamos coisas de tal forma a gerar uma nova composição?

Milhares de respostas foram dadas já. Talvez nenhuma explique, talvez todas, só com vieses diferentes. Talvez só haja explicação com todas elas somadas e em um ambiente em que elas interajam de forma dinâmica.

E ampliando, fazendo um zoom out, pode ser que haja necessidade exatamente de ordem e caos agindo simultaneamente, alternadamente. Em determinados momentos, ordem, harmonia, padronização. Em outros, caos, bagunça, desordem. 

Para tudo há explicações científicas. Sempre. Mas há também as mitológicas, as religiosas, as filosóficas, por exemplo. E as científicas, exatamente por se tratar das que envolvem ciência e razão, existem para serem derrubadas. Por outras explicações científicas. 

Já as religiosas, as mitológicas, estas têm uma velocidade de substituição, pela natureza da construção delas mesmas. São mecanismos de construção, ou linhas do tempo mais lentas, mais longas. Podem ser ainda essas substituídas? Podem. Conversava eu ontem exatamente sobre isso: praticamente tudo na vida é substituível. 

Um exemplo, no caso das explicações religiosas ou mitológicas que citei, está na interferência do ambiente digital nessas e na criação de modismos. Quer entre influenciadores que podem adotar a prática religiosa (ou os valores) de uma ou outra. Bem como mitologia em doses dinâmicas e expressas, interferindo na captação, na assimilação, no domínio e na compreensão do significado amplo do que seja a mitologia

Porém, ao contrário do que possa parecer, não escrevo em defesa da mitologia. Comecei essa coluna de título Gênesis exatamente porque Phil Collins está pendurando as chuteiras. Não por idade, porque ele tem 71 anos, o que permite perfeitamente que músicos sigam fazendo shows/apresentações exemplos de Paul McCartney (79 anos) e Mick Jagger (78 anos), só para citar dois, mas por problemas de saúde (entre eles cirurgias na coluna e problemas nos nervos), que o forçam a fazer apresentações sentado (e sem tocar bateria, talvez o seu maior prazer na vida). 

E ele, junto com Peter Gabriel, foram os criadores do Gênesis, essa banda que colecionou sucessos e composições excelentes. Aí, fiquei pensando. Parando Phil Collins de fazer apresentações, vai terminar o Gênesis? Me refiro agora não à banda, mas à metáfora. O que veio depois do Gênesis? Pense um pouco e vai descobrir a resposta. Me mande também para [email protected].

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