Goiabice

Por Flávio Dutra

Amigo e parceiro de outras jornadas manda mensagem perguntando: "Goiabaste?". A pergunta tem a ver com o texto Assinatura Fugidia, publicado  aqui em Coletiva.net. Nele, confesso que, às vezes, sofro bloqueios para repetir minha assinatura original e os problemas que isso ocasiona. O questionamento que faço é: por que a saborosa goiaba é associada à distração, esquecimentos, bobagens, ou a manifestações de burrice explícita? 

Admito que me enquadro em todas as acepções de goiabice. A fama de minhas desventuras operacionais e comportamentais corre a família, tanto assim que minha neta Lívia, atrevida nos seus 5 aninhos, não hesita em afirmar: "O vô é ameixa!". Talvez porque não aprecie a goiaba, a guria optou por outra fruta mais a seu gosto, o que me leva ao limite de virar um pomar, ou uma salada de frutas. Que abacaxi.

Na verdade, é preciso que se reabilite a goiaba, tão vilipendiada em significados fora da fruticultura. Trata-se de uma fruta rica em fibras, antioxidantes e outros nutrientes, como as vitaminas A, B e C. Ajuda a melhorar a saúde gastrointestinal, aumentar as defesas do organismo, favorecer a perda de peso e promover a saúde da pele.

Todos os benefícios da goiaba são devido às suas propriedades antioxidantes, antidiabéticas, anti-hipertensivas, anti-inflamatórias, analgésicas, hipocolesterolêmicas, antiespasmódicas, antimicrobianas e adstringentes. São tantos benefícios que fico a pensar se a goiaba não seria o verdadeiro fruto proibido do Éden, ao invés de maçã. Faz sentido porque a psidium guajava, nome científico da fruta, possui um significado simbólico em diversas culturas ao redor do mundo. É associada, por exemplo, à fertilidade, abundância e prosperidade. Além disso, a goiaba também é considerada um símbolo de amor e romance, sendo frequentemente utilizada em rituais de casamento e celebrações de união.

Depois dessa criteriosa pesquisa, já não me sinto insultado ao ser chamado de Goiaba, sem contar que a menção a ela remete aos melhores momentos da minha infância e juventude, quando escalava a goiabeira no pátio da morada dos Dutras e comia o fruto já maduro, recém, colhido. Até proponho, como desculpa e reparação pelas aleivosias feitas até agora, que juntos brademos:  "Somos todos Goiaba!". Ou "Ameixa", para contentar minha neta.

Só que continuo sem saber porque a goiaba é associada a caduquices em geral.

Autor
Flávio Dutra, porto-alegrense desde 1950, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com especialização em Jornalismo Empresarial e Comunicação Digital. Em mais de 40 anos de carreira, atuou nos principais jornais e veículos eletrônicos do Rio Grande do Sul e em campanhas políticas. Coordenou coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na área esportiva, da qual participou por mais de 25 anos. Presidiu a Fundação Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), foi secretário de Comunicação do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre, superintendente de Comunicação e Cultura da Assembleia Legislativa do RS e assessor no Senado. Autor dos livros 'Crônicas da Mesa ao Lado', 'A Maldição de Eros e outras histórias', 'Quando eu Fiz 69' e 'Agora Já Posso Revelar', integrou a coletânea 'DezMiolados' e 'Todos Por Um' e foi coautor com Indaiá Dillenburg de 'Dueto - a dois é sempre melhor', de 'Confraria 1523 - uma história de parceria e bom humor' e de 'G.E.Tupi - sonhos de guri e outras histórias de Petrópolis'. E-mail para contato: [email protected]

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