Grêmio + Renato, uma história que não acaba
Por Rafael Cechin
A última semana da temporada do futebol neste ano liga a contagem regressiva para um fato que parece inevitável: a despedida de Renato Portaluppi do comando tricolor. As informações dão conta que dificilmente o técnico vai renovar contrato. Para o bem e para o mal, o esporte gaúcho vai sentir falta deste personagem. Mesmo que a última impressão não tenha sido boa em função do desempenho e dos conflitos em 2024, não podemos negar o que fez com que ele se tornasse um ídolo eterno dos gremistas.
Se o maior de todos os tricolores, multicampeão como jogador e como treinador, sai com a imagem arranhada por declarações infelizes, péssimas atuações, críticas da própria torcida e conflitos desnecessários, a trajetória dele continua sendo gigante. As entrevistas coletivas da reta final do Brasileirão foram lamentáveis. A falta de transparência, com treinos fechados, afastou os torcedores da equipe. Atitudes das quais o próprio técnico não deve se orgulhar.
O que fica é a idolatria. Em 1983 Renato ficou marcado para sempre na retina dos tricolores com uma campanha histórica unindo as conquistas de uma Libertadores onde brilhou e de um Mundial em que marcou os dois gols mais importantes da vida do clube. Não à toa virou estátua.
À beira do campo, tem razão em afirmar que levou o time à Libertadores em todos os anos nos quais iniciou e terminou um campeonato, primeiro no Olímpico depois na Arena. Isso sem falar nos títulos da Copa do Brasil, da Libertadores, da Recopa Sul-Americana, da retomada da hegemonia no Gauchão e o domínio em Gre-Nais.
A grandeza é inegável. A questão é que ele criou armadilhas que o fizeram cair em desgraça. Era marrento desde que vestia a camisa 7 do Grêmio e do Flamengo. Mas jamais poderia citar publicamente autoelogios para esconder seus equívocos claros. Na última passagem dele pelo tricolor deixa marcas de incompetência e de má vontade. Parece de "saco cheio" e sem opções para resolver os problemas que surgiam nos gramados.
Algum dia, Renato volta? Claro que sim! Uma trajetória tão maravilhosa só fez crescer o futebol gaúcho. O ponto é que o treinador e ídolo precisa aprender com os seus erros. E o problema é que ele parece sequer admitir que errou, imagina tirar algum conhecimento do que ocorreu.
A carreira fica seriamente ameaçada, se é que já não está, tendo em vista que dificilmente terá o mesmo tratamento e as mesmas vantagens em algum outro lugar. A sobrevivência de Renato no mercado do futebol depende de uma mudança de postura, que não deverá acontecer. É preocupante.
É bom deixar claro, para quem não sabe, que sou colorado. Nunca deixei minha preferência afetar meu lado profissional, principalmente nos quase 20 anos de Grupo RBS e atualmente na Rádio Guaíba. Minha cor clubística é a minha profissão. A camisa que visto é a da minha empresa (que foi o Inter por quase dois anos). E tenho de reconhecer o tamanho da representatividade de Renato. É um grande ídolo. E ponto.