IN FORMA
Por Marino Boeira
TUDO É MARKETING
O governo do presidente Lula pretende mexer na sua área de Comunicação porque acredita que ela não está conseguindo levar para a população a imagem de seu governo, que diz ser a real.
Mais do que nunca, a Comunicação se tornou uma área vital para os governos do mundo inteiro.
Então esse é um bom momento para se discutir para que serve realmente a Comunicação nos governos, sejam eles democráticos ou ditatoriais.
Em primeiro lugar é preciso registrar o momento em que ela se tornou uma figura indispensável nas mãos da classe dominante e dos seus eleitos para nos governar.
Na longa história da humanidade, que começou com os homens abandonando a condição de nômades para se fixar na terra e chegou aos dias do capitalismo de hoje, o grande problema foi sempre manter passivos os excluídos dos bens materiais que iam sendo gerados.
A partir de determinado momento, os proprietários se deram conta que a coerção policial seria incapaz de manter incólume para sempre essa ordem injusta.
Era preciso convencer os excluídos que isso acontecia por uma razão maior independente da vontade das pessoas.
As religiões, o ópio do povo como definiria mais tarde Karl Marx, surgiram para cumprir esse papel
Elas foram e continuam sendo um instrumento eficiente, porém o consolo que elas oferecem só se tornará realidade num outro mundo, do qual muitos começaram a desconfiar que ele não existe de verdade.
Depois da Segunda Guerra Mundial a vitória da União Soviética sobre o nazismo fazia do comunismo uma nova forma de vida em sociedade que poderia ser um exemplo para os trabalhadores do mundo inteiro.
Foi preciso então impedir que essa idéia prosperasse.
Começou então um extraordinário esforço de comunicação, capitaneado pelos Estados Unidos para vender, principalmente através do cinema, para o mundo inteiro o chamado 'american way of life', basicamente a defesa de um individualismo feroz, em que os mais inteligentes e hábeis são sempre premiados e os perdedores, a maioria, só são perdedores por sua exclusiva culpa.
Nesses últimos anos, estamos assistindo esse esforço de comunicação romper todas as barreiras éticas que ainda existiam, e se tornar cada vez mais poderoso, com a utilização das redes sociais para impor formas de governo e governantes comprometidos a manter a maioria da população excluída dos bens que a tecnologia, em princípio, criou para todos.
O governo de Lula se deu conta disso e anunciou essa semana, novos e pesados investimentos no aprimoramento das suas redes sociais de apoio, visando garantir sua continuidade após as eleições de 2026.