In forma (02/07)
Por Marino Boeira

A IMAGEM DO GOVERNO NÃO É NENHUMA BRASTEMP
Quando o presidente Lula despachou o Paulo Pimenta, um político tradicional, do cargo de ministro chefe da Secretaria de Comunicação Social do seu governo e colocou no seu lugar o Sidônio Palmeira, um especialista em publicidade e marketing, simplesmente estava tornando pública sua decisão de usar, na sua comunicação pessoal e na do seu governo com todos os brasileiros, as técnicas de publicidade e do marketing visando especificamente a sua reeleição em 2026.
Duas perguntas devem ser feitas sobre essa decisão: primeira, quais são essas técnicas do marketing e da publicidade e segunda se é eticamente correto deslocá-las da sua função original de vender a imagem de um produto ou serviço e seus benefícios, para a divulgação da imagem de um ente político e suas realizações em benefício da população.
Na sua versão original - vender a imagem de produtos e serviços - as mensagens publicitárias de maior sucesso no Brasil têm mais a ver com sua
repetição do que com sua criatividade.
Outra característica da mensagem publicitária que ela usa apenas uma determinada característica que o produto ou o serviço teoricamente tem e a repete continuamente.
Como exemplo disso, vamos citar alguns dos slogans publicitários mais conhecidos do Brasil nos últimos anos: "Não esqueça a minha Caloi", "Quem pede um, pede Bis, "A número 1" (Brahma), "A cerveja que desce redondo" (Skol), e "Tomou Doril, a dor sumiu", Itaú, "Feito para você", "Todo mundo usa" (Havaianas).
Todos eles fazem uma síntese das promessas de venda, quase sempre concentrada numa possível qualidade do produto ou serviço e a repetem continuamente.
No caso das Havaianas fazer parte de uma comunidade; no Itaú de ser um cliente especial para o banco e no Doril de dispor de um remédio simples e rápido para resolver um problema.
O anunciante se dirige a um público específico, segmentado normalmente por classes sociais, sexo e idade e esquece outros públicos que não interessa em especificamente. É o que os publicitários chamam de "nicho propício" para determinadas marcas.
O governo, em princípio e até constitucionalmente deveria representar todos os brasileiros, mas seja qual tenha sido sua origem política, quase sempre se disse representante dos trabalhadores.
O governo Lula tinha um slogan - União e Reconstrução - mas a ele, tanto nas verbalizações do presidente, quanto nas postagens do governo, começou a se trabalhar com duas linhas, uma de caráter mais patriótico, traduzida no slogan "Brasil para os brasileiros", que Lula e alguns de seus ministros usaram em bonés, até mesmo em oposição ao boné do Trump (Make America Great Again) e outra de caráter mais social, que o Presidente tem ressaltado a da opção pelos pobres contra os ricos.
No caso da publicidade destinada a vender um produto ou serviço, sua eficiência é comprovada pelos números reais de venda ou pela derrota dos concorrentes quando se tratar de se afirmar uma imagens, enquanto no caso da comunicação do governo ela está sendo avaliada periodicamente nas pesquisas de opinião pública que os institutos especializados divulgam mensalmente e de forma definitiva em outubro de 2026 nas eleições presidenciais.
A julgar pelo que se viu até agora nas pesquisas a imagem do governo Lula não é das melhores e os eleitores não estou a estão considerando "nenhuma
Brastemp" capaz de superar todas as concorrentes.