In Forma (8/10/2025)
Por Marino Boeira

O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A PALESTINA E A NOSSA MÍDIA NÃO CONTA
A inauguração de um monumento na Praça Maurício Cardoso pela Federação Israelita "contra o terrorismo e pela paz na Palestina", com o apoio da Prefeitura de Porto Alegre e do Governo do Estado é uma afronta ao povo palestino que sofre o maior massacre do século atual pelo estado de Israel. Infelizmente não se ouviu nenhum protesto de políticos, historiadores e intelectuais gaúchos sobre o simbolismo do ato. Muito disso se deve, é claro, ao comprometimento da mídia local com o sionismo e que há anos divulga uma versão incorreta do que ocorre na Palestina. Um simples relato dos fatos históricos que ocorreram na região a partir do seu domínio pelo Império romano ajuda a entender o presente.
1 - Os judeus que viviam na Palestina durante o Império Romano eram basicamente comerciantes e nômades em função disso. Conflitos com os representantes do poder de Roma levaram grupos deles a se afastar cada vez mais da Palestina, migrando para regiões próximas no Mediterrâneo e o Leste Europeu.
2 - Fora da Palestina mantiveram uma coesão familiar basicamente para manter os lucros da atividade comercial, que mais tarde se tornaria bancária, dentro do grupo. A religião, nesse caso, funcionava como um cimento unindo a todos os judeus. Obviamente esse isolamento seria usado depois contra eles e daria motivo a sucessivas perseguições.
3- Quase dois mil anos depois, no final do século XIX, o jornalista Theodor Herzl (1860/1904) começou a defender a necessidade de formação de uma pátria para o povo judeu na então Palestina sob o lema de "Uma terra sem dono para um povo sem terra". Obviamente uma falsificação histórica porque a Palestina era habitada por árabes ainda que sob o domínio dos turcos otomanos. Nascia o Sionismo, nome que fazia referência ao antigo Sião como era chamada a região no tempo do domínio romano.
4) O movimento ganhou forma em 1897 com o primeiro congresso do Sionismo em Basiléia na Suíça. Apesar de continuar enxergando a Palestina como seu grande objetivo, Herzl e seus seguidores consideraram a possibilidade de que a terra dos judeus fosse Uganda, na África, a ilha de Creta e até mesmo na nossa vizinha Argentina. Como todas essas tentativas fracassaram, organização sionista começou a comprar terras na Palestina e encaminhar judeus para lá.
5) No início do século XX, a região ainda sob o domínio turco era fruto da cobiça dos ingleses e franceses A Primeira Grande Guerra, colocou ingleses e turcos em lados opostos.. Com a derrota turca, a Inglaterra estabeleceu seu mandato sobre a Palestina e a Jordânia. Outra potência colonialista, a França ficou com a Síria e o Líbano. Desde 1917, a Inglaterra através do chanceler Lord Balfour havia feito um acordo com o banqueiro judeu Walter Rothschild. Em troco do financiamento do banco para a guerra contra os turcos, a Inglaterra aceitava a criação de um lar para os judeus na Palestina, "desde que respeitasse os direitos dos árabes, que eram maioria na região."
6) Com o final da guerra, cresce a transferência de judeus para a Palestina. As perseguições sofridas por eles durante a Segunda Guerra faz com que esse movimento recebesse um grande apoio da opinião pública. Em 1948 a ONU aprovou a criação de um Estado Judeu na Palestina e prometeu a futura criação de um estado árabe-palestino, o que nunca vai ocorrer. Imediatamente o novo estado sionista começou a promover a expulsão em massa dos árabes de suas terras históricas e Israel assumiu seu caráter de um estado racista e colonialista. E aos palestinos - pelo menos aos grupos mais conscientes politicamente, como o Hamas - só restou pegar em armas contra o colonizador sionista.
A partir daí, até os dias de hoje, os fatos estão em todos os jornais.