Mais igualdade e menos leis inúteis

Por Anelise Zanoni

Às vezes dá um cansaço e uma tristeza ver as atitudes do ser humano. Quer dizer, daqueles que se dizem seres humanos.  

Quando a gente acha que já viu de tudo nestes últimos tempos, surge um projeto de lei, da Assembleia Legislativa de São Paulo, que pretende proibir a presença de pessoas LGBTQIA+ ou famílias homoafetivas em publicidade "voltada para crianças". 

Oi? Nem parece que vivemos em 2021! 

Parece até perda de tempo debater um assunto tão óbvio dentro da nossa realidade, só que, por mais que seja absurda a lei, ela mostra um tantinho do pensamento que ainda é forte no Brasil. Isso porque continua sendo necessário dizer que escolhas, desejos ou necessidades relacionadas à sexualidade dizem respeito a cada indivíduo e que cada pessoa tem seu direito de fazer o que quiser. E é justamente isso que devemos mostrar para as crianças: onde há amor e respeito está algo precioso.  

Em pleno 2021 ainda precisamos dizer e mostrar, sim, que existem famílias homoafetivas felizes e que esta é uma realidade normal, assim como tem gente que não deseja ter filhos ou prefere viver amores livres.  

No meu dia a dia é comum ver o nariz torcido de alguns pais e mães quando veem que meu filho de 4 anos tem uma Barbie, e que a considera sua filha amada. Dia desses precisei explicar para um amiguinho dele que as crianças podem brincar com aquilo que quiserem e que não existe brinquedo só de menino ou só de menina. A criança ficou confusa!  

Se realmente os autores dessa lei absurda estivessem preocupados com as crianças, estariam banindo publicidades que incitam ao consumismo, à compra de alimentos repletos de açúcar, salgadinhos, refrigerantes ou de youtubers que ajudam as crianças a serem mal educadas e ansiosas. 

E a inversão de valores não para por aí! Esses dias fiquei surpresa com a quantidade de comentários ofensivos em uma notícia que falava sobre o estado de saúde do ator Paulo Gustavo. Algumas pessoas alegando que ele estava pagando por ser homossexual, que merecia aquilo que estava vivendo porque estava contra as leis de Deus. É triste.... 

Por fim, esse tipo de lei e de posicionamento é que deveria ser banido.  Se queremos uma sociedade justa, verdadeira e democrática, precisamos cada vez mais mostrar nossas pluralidades e nossos direitos de escolha. Isso também é ter liberdade. 

Autor
[email protected] Mestre e doutora em Comunicação Social, a jornalista é CEO da Way Content Agência da Comunicação, especializada em turismo, gastronomia e estilo de vida, e fundadora do projeto Travelterapia, que divulga destinos, experiências e cria projetos de branded content. Em 2019 foi finalista da categoria Imprensa do Prêmio Nacional de Turismo, promovido pelo Ministério do Turismo. Tem experiência como repórter e editora, e é freelancer de publicações como Viagem Estadão e Veja Comer & Beber. Trabalhou 12 anos na redação do jornal Zero Hora e produziu conteúdos para veículos como Sunday Independent, Hola!, Contigo!, Playboy, Veja, Globo.com e Terra. Também atuou por 10 anos como professora de universidades como Unisinos e ESPM, passando pelos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Produção Fonográfica. Atualmente pesquisa o papel da imprensa no desenvolvimento do turismo e já estudou em países como Irlanda, Espanha, Inglaterra e Estados Unidos.

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