Não deixe o medo ser cúmplice do seu preconceito
Por Luan Pires

Vivemos em uma sociedade em que muitas vezes se escolhe os atalhos mais fáceis para lidar com o desconhecido. Entre todos eles, o mais perigoso talvez seja deixar que o medo se transforme em preconceito.
O medo, em sua essência, é um instinto de autopreservação. Ele nos alerta sobre riscos e nos protege de ameaças reais. Mas quando é mal interpretado ou manipulado, deixa de ser bússola de cuidado para se tornar algema social. É assim que o medo do diferente, do que não compreendemos, vira terreno fértil para o preconceito.
Quantas vezes o "não conheço" vira "não gosto"? Quantas vezes o "não entendo" se transforma em "não aceito"? Seja com relação à cor da pele, à orientação sexual, à religião ou à origem social, o medo abre caminho para estigmas que, repetidos, consolidam muros invisíveis entre as pessoas.
O preconceito raramente nasce do ódio puro. Ele costuma nascer do medo: medo de perder privilégios, de rever valores, de ser confrontado com aquilo que desafia nossas certezas. E uma sociedade com medo é uma sociedade que se fecha, que aponta o dedo antes de estender a mão.
Superar esse ciclo exige coragem. Coragem para olhar de frente o que não entendemos e nos permitir aprender. Coragem para admitir que, muitas vezes, o que julgamos ameaça é apenas diferença. Coragem, sobretudo, para reconhecer que o outro não precisa ser reflexo de nós para ser digno de respeito.
O medo pode ser instinto de sobrevivência. Mas quando se alia ao preconceito, deixa de proteger: ele aprisiona. E só se liberta quem escolhe transformar o medo em curiosidade, o receio em diálogo, a distância em encontro.
Com Amor, Vida