Nunca ignore a história! (Especialmente no Gre-Nal) Ela se volta contra você
Por Rafael Cechin

A semana pós Gre-Nal vive as repercussões do clássico nos bastidores, mas também a expectativa de como os times vão se comportar daqui para a frente. As polêmicas nunca ficam para trás. No pré Gre-Nal, o lado azul arriscou ao criar conflitos desnecessários. Não foram eles que provocaram a derrota, longe disso. O ponto é que deixam armadilhas e, por isso, não precisariam ter ocorrido.
A declaração do dirigente gremista Antônio Brum diminuindo a importância de Roger, simplesmente por agora estar do outro lado, na história tricolor não só foi deselegante e colocou gasolina numa fogueira que não deveria receber combustível. Deixou a equipe do próprio vice de futebol na obrigação de evitar uma resposta de Roger Machado dentro de campo. Os jogadores não conseguiram e a derrota voltou a torcida do Grêmio contra a direção.
Antes disso, no início da semana do clássico, Renato Portaluppi se envolveu em polêmica quando não compareceu a um treino e no mesmo dia apareceu tomando chope com amigos no Rio de Janeiro. Não pegou bem. Como já disse, obviamente não interferiu no placar, a questão é: qual é a necessidade disso? Não poderiam, técnico e direção, ter mais cautela? Depois do resultado a entrevista coletiva do treinador teve de ser recheada de explicações, ironias e de mais um "escorregada" ao afirmar que "o Inter só tem comemorado vitórias em Gre-Nais", o que tornou-se uma espécie de autobullying perante os torcedores gremistas.
Aí chega a explicação do título deste artigo. Tendo ou não influência no 1 a 0 a favor do rival, os personagens acima citados ignoraram a história. Desfizeram do adversário ou das convicções dentro de seu clube. Impuseram armadilhas para si. Estão pagando e podem ter de pagar por um bom tempo pelo o que disseram. E não pense que, ao longo das décadas, esse pecado foi cometido somente pelos azuis. Os vermelhos desta vez ficaram imunes ao erro, mas já polemizaram em muitas oportunidades.
O Inter respondeu com o placar, mas também com provocação pública ao destacar que Roger é "protagonista" em postagens pós-clássico. Não se faz o que Brum fez. Não se deixa "na reta" ao registrar um encontro com amigos enquanto foi dispensado pela direção para ampliar a folga. São equívocos primários e que foram cometidos outras vezes. O momento atual permite que os vermelhos celebrem e lucrem com a rateada do rival. Será assim até o final do ano?
A próxima rodada pode indicar o caminho para responder a essa pergunta. O embalado Inter, sem perder há dez rodadas, terá o Atlético-MG fora de casa como desafio muito complicado. Tá certo que o adversário deverá poupar para a semifinal da Libertadores, o que dá esperança de mais três pontos para continuar subindo. Se vier, será a consolidação de uma campanha definitivamente rumo às primeiras colocações no campeonato. A tendência trazida pelo Gre-Nal se confirmaria.
No lado do Grêmio, a missão é teoricamente fácil. O lanterna Atlético-GO, na Arena pela primeira vez podendo receber capacidade máxima de torcida, dá à rodada de véspera do segundo turno da eleição uma clara chance de reação. O problema é que o time e o Renato vão entrar desacreditados no gramado. Os dirigentes, idem. A pressão externa pode deixar os ânimos exaltados e fazer com que a tendência, negativa deste lado da gangorra, seja contra os tricolores e provoque novo revés.
Meu palpite é que os dois vencem no fim-de-semana. O Inter sobe e o Grêmio elimina de vez o risco de ser rebaixado. De acordo com os próximos resultados, saberemos como o clássico repercute no resto da temporada.